Está prestes a arrancar a 11ª edição do Festival Internacional de Cinema Independente de Lisboa, também conhecido por IndieLisboa. Como acontece desde a primeira edição irei acompanhar o festival lisboeta, este ano com a complicada tarefa de escolher um dos prémios. Pela primeira vez na história do festival a organização do festival convidou um grupo de bloggers para escolher um dos prémios, o prémio de Distribuição, e tive o prazer de ser um dos três membros deste novo júri, a par do Luís Mendonça (autor do blogue
CINEdrio e membro fundador do site
À Pala de Walsh) e do Francisco Valente (autor do blogue
A noite pelo dia). Aproveito este post de início da cobertura do festival para agradecer o convite, que muito me honra e tenho a certeza que será uma excelente experiência para todos.
Nesta edição pretendo, tal como aconteceu no passado, voltar a fazer uma cobertura do IndieLisboa através do blogue. Não posso prometer que seja tão exaustiva como na edição de 2013, pois obrigações profissionais vão ocupar-me durante grande parte do tempo. Mas cá estarei para ir publicando algumas críticas aos filmes visionados. Para o início das hostilidades, aí fica uma lista de sugestões, com um filme por dia. Não significa que sejam necessariamente os melhores filmes do festival, antes sugestões pessoais. Sem mais demoras, aí vão as minhas apostas para o IndieLisboa 2014, que arranca na próxima quinta-feira, dia 24 de Abril e termina a 4 de Maio.
Blind Detective, de Johnnie To (dia 24 de Abril às 21h30 no Grande Auditório da Culturgest)
Na edição de 2013 do IndieLisboa comecei por sugerir um filme realizador por uma dupla cuja obra tive o prazer de conhecer no festival lisboeta (Gustave de Kervern e Benoît Delépine, que apresentaram o simpático, mas mediano, Le Grand Soir). Desta vez volto a cometer a mesma ousadia. Para a primeira sessão de 2014 nada como rever um velho conhecido: Johnnie To, um dos realizadores mais populares de Hong Kong e presença assídua nas primeiras edições do festival, que chegou a dar-lhe honras de Herói Independente em 2008, regressa a Lisboa para apresentar o seu novo filme: Blind Detective. Um pontapé de saída bastante aguardado. Blind Detective repete em duas sessões no dia 4 de Maio, ambas no Cinema City Campo Pequeno, às 14h30 e 19h15.
Mudar de Vida, José Mario Branco, vida e obra, de Pedro Fidalgo e Nelson Guerreiro (dia 25 de Abril às 21h45 na Sala Manoel de Oliveira do Cinema São Jorge)
No ano em que se comemoram os 40 anos do 25 de Abril de 1974, o IndieLisboa apresenta algumas propostas para celebrar a data. Para o dia 25 há uma sessão que dirá muito aos que escolheram a música de intervenção como banda sonora da Revolução dos Cravos e os dias conturbados que se seguiram à queda do Estado Novo, dedicada a um dos nomes maiores da música popular portuguesa daquela altura e não só: José Mário Branco. Uma homenagem justa ao cantautor que gritou a plenos pulmões contra o FMI. Mudar de Vida, José Mario Branco, vida e obra repete no dia 27 de Abril às 16h15 na Sala 3 do Cinema São Jorge.
Nugu-ui ttal-do anin Haewon (Nobody's Daughter), de Hong Sang-Soo (dia 26 de Abril às 19h00 na Sala 1 do Cinema City Campo Pequeno)
Tardou a chegar aos ecrãs portugueses, mas aos poucos a obra de Hong Sang-Soo começa a aparecer por cá. Um dos nomes mais interessantes do cinema feito na Coreia do Sul vai estar presente no IndieLisboa, com o seu mais recente filme. Uma bela oportunidade entrar ou aprofundar o universo deste cineasta, autor de um dos melhores filmes estreados em salas nacionais no ano passado (Noutro País). Nugu-ui ttal-do anin Haewon (Nobody's Daughter) repete a 2 de Maio às 16h30 na Sala 1 do Cinema City Campo Pequeno e na mesma sala às 19h00 do dia 4 de Maio.
Centro Histórico, de Aki Kaurismäki, Pedro Costa, Víctor Erice e Manoel de Oliveira (dia 27 de Abril às 18h00 na Sala Manoel de Oliveira do Cinema São Jorge)
Guimarães 2012 Capital Europeia da Cultura já lá vai, mas os frutos do evento ainda andam por aí. Partindo da lógica dos filmes por episódios, quatro dos maiores cineastas em actividade filmaram quatro pequenos filmes para o evento que tornou a cidade nortenha o centro da cultura europeia há dois anos. Bastava a preciosa pérola de Victor Erice (Vidros Partidos, que foi exibida na Cinemateca Portuguesa aquando da passagem do cineasta espanhol por Lisboa há alguns meses) para recomendar esta sessão. Mas os outros realizadores presentes na lista são mais do que grandes atractivos para estar sugerir uma visita ao Centro Histórico, um dos filmes que não volta a repetir no festival.
Death Row II, de Werner Herzog (dia 28 de Abril às 17h00 na Sala 3 do Cinema City Campo Pequeno)
Pelo terceiro ano consecutivo o IndieLisboa volta a apresentar novos episódios de Death Row, um projecto televisivo de Werner Herzog (outro Herói Independente de regresso a Lisboa) sobre a pena de morte nos EUA. Uma vez mais o cineasta alemão apresenta quatro casos de condenados à pena capital em território norte-americano, através do seu estilo característico, sem nunca cair num lado mais sensacionalista de um tema sensível. Death Row II repete a 24 de Abril às 21h45, 26 de Abril às 22h00 e a 3 de Maio às 21h45, sempre na Sala 3 do Cinema City Campo Pequeno.
Dial M for Murder, de Alfred Hitchcock (dia 29 de Abril às 16h30 na Sala 1 do Cinema City Campo Pequeno)
Muito antes do 3D estar na moda, já Hollywood tinha feito algumas experiências com esta tecnologia. Há precisamente 60 anos Alfred Hitchcock filmou em 3D Dial M for Murder, filme que é um dos pratos fortes da secção Director's Cut do IndieLisboa 2014. Para quem não conhece o clássico de Hitchcock, mesmo na sua versão tradicional, a projecção é obrigatória. Quanto mais não seja pela curiosidade de ver como se safou o mestre do suspense com esta experiência com uma tecnologia que durou anos até chegar ao mainstream. Dial M for Murder repete a 25 de Abril às 21h30 e a 2 de Maio às 23h50, sempre na Sala 1 do Cinema City Campo Pequeno.
O Novo Testamento de Jesus Cristo Segundo João, de Joaquim Pinto, Nuno Leonel (dia 30 de Abril às 21h30 no Grande Auditório da Culturgest)
E Agora, Lembra-me?, de Joaquim Pinto, foi um dos melhores filmes portugueses de 2013, fazendo furor em vários festivais por onde passou. Nele víamos algumas imagens das gravações de um filme com Luís Miguel Cintra. Esse mesmo filme vai ser apresentado nesta edição do IndieLisboa e é um dos títulos portugueses mais aguardados do festival. O Novo Testamento de Jesus Cristo Segundo João repete a 3 de Maio às 14h30 no Pequeno Auditório da Culturgest.
Gare du Nord, de Claire Simon (dia 1 de Maio às 15h00 na Sala Manoel de Oliveira do Cinema São Jorge)
Apesar de ser autora de uma curta obra, com trabalho provado sobretudo na área do documentário, Claire Simon foi a escolhida para o regresso da secção Herói Independente do IndieLisboa. Uma das propostas que traz ao festival lisboeta é Gare du Nord, ficção que pode ser vista como o outro lado da moeda do seu mais recente documentário Geographie Humaine. Ambos fazem parte da retrospectiva de seis filmes da realizadora que passam no festival, sendo Gare du Nord o filme escolhido para a abertura oficial, no dia 24 de Abril às 19h00 na Sala Manoel de Oliveira do Cinema São Jorge.
Al Doilea Joc, de Corneliu Porumboiu (dia 2 de Maio às 23h55 na Sala 3 do Cinema City Campo Pequeno)
O cinema romeno volta a marcar presença no IndieLisboa. Depois de ter sido homenageado há alguns anos, o cinema romeno continua a dar cartas e a fazer questão de estar presente em Lisboa. Desta vez o enviado da Roménia é Corneliu Porumboiu (cujo filme de estreia 12:08 a Este de Bucareste chegou a ter direito a estreia comercial por cá), que apresenta Al Doilea Joc, um documentário que parte de uma partida de futebol arbitrada pelo pai do cineasta que teve lugar no final dos anos 1980, antes da queda de Nicolau Ceausescu, para fazer uma reflexão sobre como poderia ter sido aquele jogo noutras circunstâncias. Promete ser mais um regresso às memórias de um país onde nos últimos anos surgiu uma das mais interessantes cinematografias do continente europeu. Al Doilea Joc repete no dia 25 de Abril às 19h15 e no dia 1 de Maio às 00:00, sempre na Sala 3 do Cinema City Campo Pequeno.
Joe, de David Gordon Green (dia 3 de Maio às 21h45 na Sala Manoel de Oliveira do Cinema São Jorge)
David Gordon Green é um dos nomes mais sonantes do cinema independente norte-americano, que ganhou fama logo na sua longa-metragem de estreia: George Washington. Poucos dias após chegar às salas portuguesas Prince Avalanche, o IndieLisboa apresenta Joe, uma outra produção de 2013 do mesmo realizador que conta com Nicolas Cage (esse mesmo, num papel ligeiramente diferente do que tem sido habitual nos últimos anos) e Tye Sheridan (um dos miúdos em destaque em Fuga, de Mike Nicholls) nos papéis principais. Joe tem exibição única no IndieLisboa 2014.
3X3D, de Edgar Pêra, Peter Greenaway e Jean-Luc Godard (dia 4 de Maio às 21h30 na Sala 1 do Cinema City Campo Pequeno)
Para terminar esta lista de sugestões, mais uma proposta em 3D e que também teve origem Guimarães 2012 Capital Europeia da Cultura. Desta feita o resultado foi 3X3D um filme colectivo assinado a seis mãos por Edgar Pêra, Peter Greenaway e Jean-Luc Godard. Para quem anseia pelo novo filme de Godard este poderá ser um aperitivo para o novo filme do realizador francês que tem estreia mundial marcada para a próxima edição do Festival de Cannes e também é uma produção em 3D. 3X3D repete nos dias 26 e 30 de Abril, sempre às 21h30 na Sala 1 do Cinema City Campo Pequeno.