terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Os melhores de 2013. E balanço do ano que agora termina

31 de Dezembro de 2013. Nestas últimas horas do ano é tempo de fazermos um balanço do que se fez (ou não) ao longo dos últimos meses deste ano. Por estes lados, como é de Cinema que falamos (não tanto como deveríamos ou gostaríamos, mas isso é outra conversa), nunca é tarde para postar a lista dos melhores do ano. Ao contrário dos últimos anos, desta vez esforcei-me por escolher uma lista de 10 em vez dos 20 melhores do ano. Até porque a tarefa foi mais fácil em relação a outros anos, pois as estreias comerciais em 2013 foram relativamente fracas. Como sempre, a lista apenas inclui filmes que estrearam comercialmente em Portugal ao longo de 2013. Muitos ficaram de fora e talvez pudessem entrar na lista, mas não há tempo para tudo. E alguns filmes vistos em festivais também aqui poderiam entrar de bom grado, mas não é esse o propósito desta lista. Sem mais demoras, aí vai a lista dos melhores do ano:

1 - The Hunt - A Caça, de Thomas Vinterberg

2 - Para Lá Das Colinas, de Cristian Mungiu

3 - No Nevoeiro, de Sergei Loznitsa

4 - Não, de Pablo Larrain

5 - A Rapariga de Parte Nenhuma, de Jean-Claude Brisseau

6 - Noutro País, de Sang-Soo Hong

7 - Like Someone In Love, de Abbas Kiarostami

8 - Fausto, de Aleksandr Sokurov

 9 - Noiva Prometida, de Rama Burshtein

10 - Tal Pai, Tal Filho, de Hirokazu Koreeda

Para terminar este post, um pequeno balanço do que foi o ano cinéfilo por aqui. E se há algo que tenho obrigatoriamente de destacar é o ciclo da Cinemateca dedicado a Fritz Lang. A nível pessoal foi uma epopeia acompanhar a integral do realizador de «Metropolis», ao longo de dois meses certinhos, e se há conclusão a tirar é que Fritz Lang é, sem sombra de dúvidas, um dos maiores realizadores de todos os tempos. Ao longo de 42 filmes, desde o período mudo ao regresso à Alemanha natal, passando pelo fabuloso período norte-americano (na minha opinião o seu melhor, sem com isso estar a falar mal dos outros períodos), praticamente não há obras fracas na filmografia do cineasta alemão. A única excepção, que desiludiu um bocado foi esse estranho objecto chamado «Guerrilheiros nas Filipinas». Mas a alguém que filmou obra-prima atrás de obra-prima acabamos por perdoar tudo e o saldo final foi claramente positivo. Várias foram as sessões em que tive vontade de levantar-me da cadeira da sala no final e ir a correr bater à porta da sala de projecção pedir ao projeccionista para voltar a passar o filme. Lá me contive e contentei-me com uma pequena recordação desta fantástica saga cinéfila (os bilhetes de todas as sessões):


Em ano de grandes dificuldades para a Cinemateca Portuguesa a realização desta retrospectiva integral dedicada à obra de Fritz Lang é mais do que uma prova de que a instituição sedeada na Barata Salgueiro faz falta e merece ser acarinhada por todos os que gostam de Cinema. Pena que, tal como acontece um pouco por todo o lado, grande parte das sessões esteja vazia e custa assistir a grandes filmes com salas às moscas. Acontece frequentemente e infelizmente aconteceu também em algumas sessões deste ciclo. Para 2014 faço votos que a comunidade cinéfila de Lisboa se vire um bocado mais para a Cinemateca e opte por ver (ou rever) filmes na Barata Salgueiro em vez de se juntar em massa apenas na altura das manifestações em defesa da instituição. Que também fazem falta, é certo, mas quando depois dessas manifestações as pessoas se esquecem de frequentar a Cinemateca, quando ela tanto precisa de ser acarinhada, esse apoio de pouco vale.



2013 foi também um ano de descobertas e aprofundamento do trabalho de vários realizadores, dos quais destaco dois: Yasujiro Ozu e Billy Wylder. Este ano foi também o ano em que tive a oportunidade de ver pela primeira vez a magnífica trilogia de Apu, de Satyajit Ray, um grande nome do Cinema indiano, bem diferente da mais popular Bollywood. E, last but not least, este foi o ano em que (preparem as pedras...) fiz as pazes com o Cinema de Andrei Tarkovsky, cineasta que era para mim quase como que um ódio de estimação. Mas, tal como grande parte dos ódios de estimação, sem qualquer sentido e penitencio-me por durante tantos anos ter estado afastado destes filmes por simples embirração. Ver pela primeira vez «A Infância de Ivan» ou «Andrei Rublov», este último precisamente no grande (enorme) ecrã da Cinemateca há poucos dias, deu-me um novo olhar perante a obra deste grande realizador que será um dos que pretendo aprofundar ao longo do próximo ano.



Um último ponto para finalizar, desta vez um aspecto negativo do ano que agora termina: o encerramento do cinema King. Durante anos, a par da Cinemateca, o King foi a 'minha escola' de Cinema, onde vi filmes que não passavam em mais lado nenhum e que de outra forma não teria visto em sala ou talvez nunca tivesse visto de todo. Ao longo dos últimos anos tenho visto muito Cinema em sala, mas as principais recordações foram precisamente do King, onde vi pela primeira vez filmes de Kiarostami, Elia Suleiman, obras mais arriscadas de nomes como Gus Van Sant, entre muitos outros. Podia dar inúmeros exemplos, mas estes são os primeiros que me vêm à cabeça neste momento. Morreu o King, mas não morreu o Cinema. E esperemos que em 2014 a aposta da Midas no Cinema Ideal venha ocupar de certa forma a brecha deixada em aberto pelo encerramento desta mítica sala de culto lisboeta, praticamente a última das grandes salas dedicadas a este tipo de Cinema.



E pronto, é isto. Resta-me desejar a todos os leitores e seguidores do Shut up and watch the movies um excelente 2014, com a promessa de que vou tentar tornar o blogue mais activo do que esteve ao longo dos últimos meses. Feliz ano novo a todos e bons filmes!!!