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segunda-feira, 27 de maio de 2013

O Grande Gatsby, de Baz Luhrmann (2013)

É fácil embirrar com um filme como «O Grande Gatsby», a versão de Baz Luhrmann do clássico escrito por Francis Scott Fitzgerald considerado por muitos como um dos grandes livros sobre o período dos loucos anos 20 do século passado e uma das principais obras da literatura norte-americana. Tal como fizera com «Romeu e Julieta», o realizador australiano continua a dar a volta às regras do jogo e recria o material de origem à sua maneira, com um estilo bastante peculiar. Se na versão da peça de Shakespeare Luhrmann traz a tragédia do bardo inglês para os dias de hoje, desta vez a acção permanece no período dos anos 1920 originais, mas, como é apanágio do cineasta, com alguns elementos estranhos à tal época. Um desses elementos é a banda sonora, onde as loucas festas por onde andam as principais personagens de «O Grande Gatsby» deixam de ter a música de época, substituída por ritmos mais actuais, com algum pendor nos ritmos hip hop.

Baz Luhrmann já tinha feito algumas 'experiências' musicais anteriormente em «Moulin Rouge», mas nesse caso o estranho até se entranha. Em «O Grande Gatsby», pelo contrário, a banda sonora acaba por não funcionar de todo e tem o efeito contrário, provocando até algum efeito de distracção que não é sequer suficiente para esconder o que o filme é: um objecto oco, onde a revisitação da obra de Fitzgerald, mesmo que seja adaptada de forma bastante fiel, é uma pálida versão do original. Numa das sequências, a festa no apartamento de Nova Iorque onde Tom se encontra com a amante, chegamos mesmo a temer começar a ouvir os acordes de «Harlem Shake», um dos fenómenos virais mais recentes.

O resto é puro estilo Luhrmann: muita cor a invadir o ecrã por todos os lados (até percebemos que se pretenda enfatizar esse lado mais excêntrico da personagem de Gatsby e das suas loucas festas, mas a partir de certa altura começa a enjoar) e pouco se entra dentro das personagens que passam pelo universo da genial obra de Fitzgerald, onde estaria o grande desafio de adaptar um livro destes. E se há livros com personagens interessantes para explorar, logo a começar pela que dá título ao livro, «O Grande Gatsby» é um desses livros. Pena que nem Leonardo DiCaprio, que podia ter sido uma boa escolha para interpretar o papel de Gatsby, consiga uma interpretação à altura de outras que conseguiu recentemente, optando por um estilo demasiado exagerado para dar vida à personagem.

Em suma, se tivéssemos de escolher uma frase para definir «O Grande Gatsby» segundo Baz Luhrmann optaríamos pelo ditado popular «muita parra e pouca uva». Mas preferimos deixar um conselho de amigo: se tiver oportunidade leia o livro, a experiência será muito melhor.

Classificação: 2/5

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Anna Karenina, de Joe Wright (2012)

Não é a primeira vez (nem será a última) que um grande clássico da literatura, como é o caso de «Anna Karenina», é adaptado ao grande ecrã. A mais recente adaptação da trágica história da heroína de Leon Tolstoi a chegar às salas foi realizada por Joe Wright e conta com a participação de Keira Knightley no papel de Anna Karenina. Tal como costuma acontecer neste tipo de filmes, que pretendem retratar uma época e o modo como se vivia na altura, tudo é em grande: cenários sumptuosos, um belo guarda-roupa e interpretações bem conseguidas. Em todos estes capítulos a «Anna Karenina» de Joe Wright consegue marcar pontos.

O pior vem depois, na forma como as peças se começam a ligar e o método encontrado para o fazer. Se de início até parece que a abordagem de Joe Wright é engraçada, colocando todas as personagens no meio do palco de um teatro (e que melhor metáfora poderia existir para retratar uma sociedade que vive para as aparências - como refere uma das personagens ao justificar o facto de não falar a Anna, o problema não foi ela violar uma lei, mas as regras) e movendo a câmara pelos vários cenários, que mudam consoante o local onde as personagens se encontram, sempre como se estivéssemos nesse mesmo teatro a assistir a uma peça, passado pouco tempo soltamos o primeiro bocejo. E começamos a reparar que ainda faltam quase duas horas (e muitos mais bocejos) até o filme terminar.

Esta abordagem à obra de Tolstoi acaba por tornar a adaptação de Joe Wright em algo como uma mistura entre o «Moulin Rouge» de Baz Luhrmann, sem as músicas pop, mas com os mesmos cenários sumptuosos e coreografias (no caso de «Anna Karenina», completamente forçadas), e o «Enter The Void» de Gaspar Noé, sem a câmara a mil à hora, mas com os movimentos de câmara típicos do realizador francês. Tudo muito bem para quem gostar de ver 'coisas novas' nos grandes clássicos. E há-de haver quem goste. Por estes lados, perdoem-me os fãs do filme e do realizador (de quem já não tinha achado grande piada ao anterior «Hanna»), mas há coisas em que ser conservador compensa mais do que arriscar por algo mais arrojado. Sobretudo quando não se consegue atingir o objectivo. O risco do falhanço era enorme e Joe Wright não conseguiu escapar dele.

Classificação: 2/5