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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Não há grande marketing que resolva isto

Local: uma sala de cinema em Lisboa.
Um espectador interessado em ver um filme qualquer pede uma opinião à funcionária que vende bilhetes sobre o filme que acaba de começar.
Espectador: É bom?
Funcionária: É português.
O tom da resposta dá a entender algo como: «está por sua conta e risco». Nem um «não sei, ainda não tive oportunidade de ver» [o filme em causa estreou hoje], ou um simples sim ou não. A resposta foi, como se costuma dizer em calão, curta e grossa. Será esta a imagem que temos (ou se tem) do cinema português?

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

E o Cinema Mudo, esqueceram-se?

Foi hoje apresentado o muito falado Plano Nacional de Cinema, uma iniciativa da Secretaria de Estado da Cultura e do Ministério da Educação e da Ciência cujos principais objectivos serão promover a formação de novos públicos e combater a iliteracia em relação ao Cinema. Não pretendo com este post criticar ou não o mérito da iniciativa, à qual desejo os melhores resultados pois toda e qualquer iniciativa destinada a incentivar os mais novos a gostarem de Arte, seja ela qual for, é bem-vinda. Mas neste caso concreto, no qual vão participar numa espécie de ano-piloto 23 escolas espalhadas pelo país, a lista suscita desde já algumas dúvidas, a começar por uma.

Se o objectivo é incentivar a descoberta do Cinema (ainda não consegui perceber em que moldes e se os filmes vão ser apenas projectados ou também discutidos e apresentados, para que os espectadores saibam pelo menos o contexto em que foram feitos ou a sua importância para estarem no dito Plano) onde está o Cinema Mudo? Aparentemente deste período os autores das escolhas apenas conhecem Chaplin, Mélies, Manoel de Oliveira e um documentário de Aurélio Paz dos Reis, um dos pioneiros do Cinema em Portugal. Tudo o resto, desde Keaton a Griffith, passando pelo expressionismo alemão ao cinema soviético, para focar apenas géneros mais importantes deste período, ficou na gaveta.

Já para não falar que não há um único exemplo do cinema italiano do pós-guerra, nomeadamente o neo-realismo, e mesmo os exemplos do cinema clássico norte-americano são escassos. Destaca-se contudo a presença de obras portuguesas, que estão em grande maioria e bem representadas. Mas se é com esta lista que pretendem levar os mais novos a gostar da Sétima Arte, temo que o efeito não será alcançado. Depois deste pequeno desabafo, resta deixar-vos a lista completa dos filmes presentes no plano:

(texto actualizado com a referência a Manoel de Oliveira na lista dos autores de filmes mudos)

"Estória do Gato e da Lua", de Pedro Serrazina (Potugal, 1995)
"O Estranho Mundo de Jack", de Henry Selick (EUA, 1993)
"A Bola", de Orlando Mesquita Lima (Moçambique, 2001)
"Com Quase Nada", de Margarida Cardoso e Carlos Barroco (Portugal e Cabo Verde, 2000)
"Aniki-Bobó", de Manoel de Oliveira (Portugal, 1942)
"As coisas lá de Casa", de José Miguel Ribeiro (Portugal, 2003)
"O Garoto de Charlot", de Charles Chaplin (EUA, 1921)
"ET, o Extraterrestre", de Steven Spielberg (EUA, 1982)
"Diz-me Onde Fica a Casa do Meu Amigo", de Abbas Kiarostami (Irão, 1987)
"História Trágica com Final Feliz", de Regina Pessoa (Portugal, 2005)
"A Noiva Cadáver", de Tim Burton (EUA, 2005)
"Saída de Pessoal Operário da Camisaria Confiança", de Aurélio da Paz dos Reis (Portugal, 1896)
"A Invenção de Hugo", de Martin Scorsese (EUA, 2011)
"Serenata à Chuva", de Stanley Donen (EUA, 1952)
"Shane", de George Stevens (EUA, 1953)
"Adeus, Pai", de Luís Filipe Rocha (Portugal, 1996)
"Eduardo, Mãos de Tesoura", de Tim Burton (EUA, 1990)
"Romeu + Julieta", de Baz Luhrman (EUA, 1996)
"A Suspeita", de José Miguel Ribeiro (Portugal, 1999)
"O Barão", de Edgar Pêra (Portugal, 2011)
"Um Outro País", de Sérgio Tréfault (Portugal, 1999)
"Persepolis", de Marjane Satrapi e Vicent Paronnaud (França, 2004)
"A Noite", de Regina Pessoa (Portugal, 1999)
"Douro, Faina Fluvial", de Manoel de Oliveira (Portugal, 1931)
"Jaime", de António Reis (Portugal, 1974)
"Rafa", de João Salaviza (Portugal, 2012)
"Luzes na Cidade", de Charles Chaplin (EUA, 1931)
"Os 400 Golpes", de François Truffaut (França, 1959)
"Senhor X", de Gonçalo Galvão Teles (Portugal, 2010)
"A Esquiva", de Abdelatlif Kechiche (França, 2004)
"Belarmino", de Fernando Lopes (Portugal, 1964)
"Fado Lusitano", de Abi Feijó (Portugal, 1995)
"Os Respigadores e a Respigadora", de Agnès Varda (França, 2000)
"Viagem à Lua", de Georges Méliès (França, 1902)
"Os Salteadores", de Abi Feijó (Portugal, 1993)
"A Cortina Rasgada", de Alfred Hitchcock (EUA, 1966)