A recuperação de Martha, que na
comunidade era tratada por Marcy May, e a sua integração na
sociedade 'normal', depois de um longo período de afastamento, é o
centro do filme, onde Sean Durkin vai intercalando as cenas do
presente com algumas recordações do passado recente da jovem, antes
de ir ao encontro da irmã. Um dos pontos fortes de «Martha Marcy
May Marlene» é precisamente a forma como este passado e presente
conseguem conviver, se assim se pode dizer, sem cansar o espectador
ou parecer algo forçado, quase como se um exercício de estilo. Ao
encadear as cenas do presente com episódios da vida de Martha na
comunidade, utilizando aspectos comuns (como por exemplo, um mergulho
que tem lugar no presente e quando damos conta a sequência desse
mergulho já está no passado), Sean Durkin espelha bem a confusão
que vai na cabeça da jovem.
Uma das grandes surpresas, além da
estreia do realizador, é a interpretação de Elizabeth Olsen, irmão
mais nova da dupla Mary-Kate e Ashley Olsen, que no seu segundo papel
consegue dominar todo o ecrã com a sua presença. É mais um
daqueles casos em que o casting errado poderia deitar tudo a perder.
Não sendo uma obra-prima, esta primeira obra de Sean Durkin acaba
por ser uma das melhores estreias a chegar às salas portuguesas, num
ano claramente fraco a este nível. E este será sem dúvida um nome
a ter debaixo do radar nos próximos passos.
Classificação: 4/5
