John Huston faleceu em 1987 e deixou como legado uma grandiosa obra, recheada de pontos altos. Contudo, ao contrário de vários grandes realizadores, que se deixam arrastar em obras menores à medida que se aproxima o final da vida, o final da carreira de Huston ficou marcado por um dos seus pontos maiores. Já bastante debilitado e no hospital, o cineasta realizou uma pequena obra-prima a partir de um conto de James Joyce. «Gente de Dublin» («The Dead», no título original) é uma pequena maravilha e de uma simplicidade assombrosa. Este é um retrato de um jantar de início de ano onde uma comunidade de Dublin recorda os que morreram no passado e celebra os que continuam a viver num espírito de fraternidade que parece já não existir nos dias de hoje. E que termina num fabuloso monólogo, dito sobre imagens da neve que não pára de cair ao longo de todo o filme. Um belíssimo final de filme, para um belíssimo final de carreira.
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sábado, 11 de janeiro de 2014
Um belo final de filme, um belo final de carreira
John Huston faleceu em 1987 e deixou como legado uma grandiosa obra, recheada de pontos altos. Contudo, ao contrário de vários grandes realizadores, que se deixam arrastar em obras menores à medida que se aproxima o final da vida, o final da carreira de Huston ficou marcado por um dos seus pontos maiores. Já bastante debilitado e no hospital, o cineasta realizou uma pequena obra-prima a partir de um conto de James Joyce. «Gente de Dublin» («The Dead», no título original) é uma pequena maravilha e de uma simplicidade assombrosa. Este é um retrato de um jantar de início de ano onde uma comunidade de Dublin recorda os que morreram no passado e celebra os que continuam a viver num espírito de fraternidade que parece já não existir nos dias de hoje. E que termina num fabuloso monólogo, dito sobre imagens da neve que não pára de cair ao longo de todo o filme. Um belíssimo final de filme, para um belíssimo final de carreira.
quarta-feira, 8 de janeiro de 2014
Cenas #5
Ter e Não Ter, de Howard Hawks (1944)
Ela entra no quarto dele e pede-lhe lume. Começa assim o primeiro encontro entre Lauren Bacall e 'Bogey' em «Ter e Não Ter», obra-prima de Howard Hawks por vezes comparada (erroneamente) a «Casablanca», de Michael Curtiz, uma outra história de expatriados em terra de ninguém durante a II Guerra Mundial. Podia ter ido buscar a cena do assobio recordada por João Bénard da Costa como «um dos melhores diálogos da história do cinema» («You know you don't have to act with me, Steve. You don't have to say anything, and you don't have to do anything. Not a thing. Oh, maybe just whistle. You know how to whistle, don't you, Steve? You just put your lips together and... blow.»), mas esta parece-me a que melhor espelha a relação amor-ódio (mais amor do que ódio, como sempre nestas coisas) das personagens centrais do filme. E entre trocas de cigarros e lume, nasceu um dos míticos casais de Hollywood, que iria contracenar ainda em mais três filmes: «À Beira do Abismo» («The Big Sleep», de Howard Hawks, 1946), «O Prisioneiro do Passado» («Dark Passage», de Delmer Daves, 1947) e «Paixões em Fúria» («Key Largo», de John Huston, 1948). Mas isso são contas de outro rosário. Aqui celebra-se a magia de «Ter e Não Ter» e as trocas de lume entre Bacall e Bogart. E em tempos politicamente correctos pensamos para com os nossos botões: como seria este belo filme se não houvessem os cigarros?
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