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quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

10 filmes: Boxe

O início do ano cinéfilo no Shut up and watch the movies foi marcado por um clássico realizado por Raoul Walsh: «O Ídolo do Público», ou «Gentleman Jim», no título original. Para comemorar este visionamento regressa mais uma lista de filmes temáticos, desta vez dedicada ao boxe, o desporto praticado pelo protagonista do filme de Walsh. Tal como outras listas desta rubrica, os filmes apresentados não são os melhores ou os piores dentro de um determinado tema, apenas 10 exemplos de filmes que abordam o tema destacado. Por isso outras propostas são sempre bem-vindas na caixa de comentários, quanto mais não seja para promover a partilha ou a descoberta de novos títulos.

Ringue de Boxe, de Alfred Hitchcock (1927)

O Ídolo do Público, de Raoul Walsh (1942)

Nobreza de Campeão, de Robert Wise (1949)

Belarmino, de Fernando Lopes (1964)

Rocky, de John G. Avildsen (1976)

O Touro Enraivecido, de Martin Scorsese (1980)

 O Boxeur, de Jim Sheridan (1997)

Ali, de Michael Mann (2001)

Million Dollar Baby - Sonhos Vencidos, de Clint Eastwood (2004)

The Fighter - Último Round, de David O. Russell (2010) 

terça-feira, 20 de novembro de 2012

As faces de Hannibal

Hannibal Lecter, que nasceu nos livros de Thomas Harris, tornou-se um ícone do Cinema na década de 1990 graças à interpretação de Anthony Hopkins em «O Silêncio dos Inocentes», dando origem a uma série de filmes com a presença do serial killer. Estas foram as várias encarnações desta personagem, antes e depois do clássico realizado por Jonathan Demme, de uma personagem que muitos consideram ser a verdadeira face do mal.

 Brian Cox, em «Caçada ao Amanhecer», de Michael Mann (1986)

Anthony Hopkins, em «O Silêncio dos Inocentes», de Jonathan Demme (1991)

Anthony Hopkins, em «Hannibal», de Ridley Scott (2001)

Anthony Hopkins, em «Dragão Vermelho», de Brett Ratner (2002)

Gaspard Uliel, em «Hannibal - A Origem do Mal», de Peter Webber (2007)

Hannibal - A Origem do Mal (2007), de Peter Webber

No início da década de 1990 o Cinema conheceu um dos mais icónicos serial killers da história da Sétima Arte. O filme chamava-se «O Silêncio dos Inocentes» e a personagem era um tal de Hannibal Lecter, um psicopata que se encontrava detido numa prisão de alta segurança onde era entrevistado por Clarice Starling, uma agente do FBI que estava no encalço de um outro serial killer. Apesar de a personagem já ter surgido anteriormente em «Caçada ao Amanhecer», de Michael Mann (filme que mais tarde seria alvo de um remake assinado por Brett Ratner: «Dragão Vermelho», foi com o filme de Jonathan Demme que Hannibal Lecter alcançou o estatuto de mito, dando início a uma série de filmes onde esta personagem secundária viria a ganhar cada vez mais protagonismo.

Curiosamente a sua última encarnação não é sobre o que acontece a Hannibal Lecter no final de «Hannibal», a sequela de «O Silêncio dos Inocentes», mas antes como é que Hannibal se torna o terrível serial killer canibal que conhecemos nos anteriores filmes da série. Realizado pelo britânico Peter Webber, que antes apenas tinha realizado «A Rapariga do Brinco de Pérola», «Hannibal - A Origem do Mal» retrata a infância e juventude de Hannibal Lecter, um rapaz lituano que sofre os horrores da II Guerra Mundial às mãos de um grupo de mercenários locais. Depois de um período de cativeiro, durante o qual os seus captores acabam por matar a irmã mais nova de Hannibal, o jovem resolve ir atrás dos carrascos e começa a matá-los um a um, obviamente com recurso a requintes de malvadez.

Comparar o Lecter de Anthony Hopkins com o Lecter de Gaspard Uliel, o actor escolhido para interpretar o jovem serial killer, é quase como comparar um Ferrari e um Mini, tal o estatuto alcançado pela criação do primeiro, sobretudo em «O Silêncio dos Inocentes». É certo que este filme é um pouco diferente dos restantes títulos que compõem a série. Os ambientes não são tão sombrios, apesar de serem à mesma sinistros, e a história é completamente diferente. Não se trata de um filme onde Lecter é um secundário em fuga ou um prisioneiro a quem as autoridades tentam sacar informações, como acontece nos anteriores, mas uma história de vingança pessoal. Mesmo assim, perante o peso da interpretação de Hopkins, Gaspard Uliel consegue ter um bom desempenho, com certas expressões, por vezes forçadas em demasia, que dão algumas feições animalescas ao jovem Lecter, mostrando o verdadeiro terror da personagem.

Não sendo um filme extraordinário, «Hannibal - A Origem do Mal» é um thriller simpático e que se vê bem, encerrando (pelo menos para já, pois não sabemos se Hollywood ainda terá mais cartas escondidas na manga para acrescentar a este universo) o mito de Hannibal Lecter. A nível técnico, há que destacar o trabalho do director de fotografia, Ben Davis, que conseguiu um excelente resultado ao dar diferentes ambientes aos cenários por onde o jovem serial killer vai passando durante o filme. Um regalo para o olhar do espectador, que merecia um pouco mais para colocar este primeiro capítulo da história ao nível dos restantes, sobretudo «O Silêncio dos Inocentes» e «Hannibal».

Classificação: 3/5

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Dos Homens Sem Lei, de John Hillcoat (2012)

A parceria entre o realizador John Hillcoat e o seu compatriota Nick Cave volta a dar frutos no ano da graça de 2012. Depois de ter escrito os argumentos de «Ghost...of the Civil Dead» e «Escolha Mortal», o cantor australiano assina o argumento do mais recente filme de John Hillcoat. Desta vez somos transportados para o período da Lei Seca nos EUA onde travamos conhecimento com três irmãos que se dedicam ao contrabando de álcool numa altura em que a venda desse líquido era ilegal. Esta proibição acabou por ter efeitos indesejados e toda uma economia paralela, dominada pela máfia, nasceu à conta da polémica legislação.

Os irmãos Jack, Forrest e Howard Bondurant (Shia LaBeouf, Tom Hardy e Jason Clarke), personagens que existiram de facto e cujas proezas são descritas no livro que serve de base ao filme de Hillcoat («The Wettest County in the World», escrito por um dos netos dos Bondurant e publicado em 2008), eram apenas um dos elos da cadeia de distribuição dessa economia paralela e juntos criaram um negócio familiar no condado de Franklin, à semelhança de muitos outros habitantes daquele condado do estado da Virgínia. O filme descreve a forma como os três irmãos criaram o seu negócio e enfrentaram as autoridades, encabeçadas por Charley Rakes (Guy Pearce), um agente especial que vem de Chicago supostamente para manter a lei, mas apenas quer uma parte dos lucros dos produtores de álcool da região para que ninguém seja prejudicado. Ao contrário dos seus conterrâneos, os Bondurant não temem as ameaças de Rakes e recusam-se a pagar, dando início a uma guerra sem quartel, com espaço para tudo: lealdade familiar, conflitos entre grupos de contrabandistas rivais e agentes corruptos.

Tal como «Escolha Mortal» já tinha de certa forma recuperado os westerns, «Dos Homens Sem Lei» vem recuperar os filmes de gangsters que ultimamente estão a ser alvo de um certo revivalismo (assim de repente lembramo-nos de «Inimigos Públicos», o último filme de Michael Mann). Os tons violentos estão presentes em ambos os filmes, assim como a recriação da época, mas falta qualquer coisa ao novo filme de John Hillcoat para estar ao nível de obras anteriores do cineasta. Contando com um elenco de luxo, tanto a nível dos protagonistas, como dos secundários (aqui não podíamos deixar de destacar a presença de Gary Oldman, que mesmo sendo um secundaríssimo e com poucas cenas tem mais uma interpretação magnífica a juntar ao currículo), há que dar mérito a Shia LaBeouf na sua composição bem conseguida da figura do irmão mais novo dos Bondurant.

Contudo o elo mais fraco do filme acaba por ser o argumento, que nunca vai muito além da simples história e não dá grande espaço de evolução às personagens. Mesmo a história de Jack, que é o narrador e no fundo é também a personagem principal de «Dos Homens Sem Lei», é demasiado vaga e pouco explorada. Tudo corre demasiado depressa, quase que não há espaço para a acção fluir e certos episódios não se percebem porque raio aconteceram. O que acaba por ser um ponto negativo num filme que tinha tudo para ter melhores resultados: um bom elenco e um realizador com talento que conseguiu recriar bastante bem o período que se pretendia retratar. Mas faltou o essencial: uma história bem contada.

Classificação: 3/5