No início da década de 1990 o Cinema conheceu um dos mais icónicos serial killers da história da Sétima Arte. O filme chamava-se «O Silêncio dos Inocentes» e a personagem era um tal de Hannibal Lecter, um psicopata que se encontrava detido numa prisão de alta segurança onde era entrevistado por Clarice Starling, uma agente do FBI que estava no encalço de um outro serial killer. Apesar de a personagem já ter surgido anteriormente em «Caçada ao Amanhecer», de Michael Mann (filme que mais tarde seria alvo de um remake assinado por Brett Ratner: «Dragão Vermelho», foi com o filme de Jonathan Demme que Hannibal Lecter alcançou o estatuto de mito, dando início a uma série de filmes onde esta personagem secundária viria a ganhar cada vez mais protagonismo.
Curiosamente a sua última encarnação não é sobre o que acontece a Hannibal Lecter no final de «Hannibal», a sequela de «O Silêncio dos Inocentes», mas antes como é que Hannibal se torna o terrível serial killer canibal que conhecemos nos anteriores filmes da série. Realizado pelo britânico Peter Webber, que antes apenas tinha realizado «A Rapariga do Brinco de Pérola», «Hannibal - A Origem do Mal» retrata a infância e juventude de Hannibal Lecter, um rapaz lituano que sofre os horrores da II Guerra Mundial às mãos de um grupo de mercenários locais. Depois de um período de cativeiro, durante o qual os seus captores acabam por matar a irmã mais nova de Hannibal, o jovem resolve ir atrás dos carrascos e começa a matá-los um a um, obviamente com recurso a requintes de malvadez.
Comparar o Lecter de Anthony Hopkins com o Lecter de Gaspard Uliel, o actor escolhido para interpretar o jovem serial killer, é quase como comparar um Ferrari e um Mini, tal o estatuto alcançado pela criação do primeiro, sobretudo em «O Silêncio dos Inocentes». É certo que este filme é um pouco diferente dos restantes títulos que compõem a série. Os ambientes não são tão sombrios, apesar de serem à mesma sinistros, e a história é completamente diferente. Não se trata de um filme onde Lecter é um secundário em fuga ou um prisioneiro a quem as autoridades tentam sacar informações, como acontece nos anteriores, mas uma história de vingança pessoal. Mesmo assim, perante o peso da interpretação de Hopkins, Gaspard Uliel consegue ter um bom desempenho, com certas expressões, por vezes forçadas em demasia, que dão algumas feições animalescas ao jovem Lecter, mostrando o verdadeiro terror da personagem.
Não sendo um filme extraordinário, «Hannibal - A Origem do Mal» é um thriller simpático e que se vê bem, encerrando (pelo menos para já, pois não sabemos se Hollywood ainda terá mais cartas escondidas na manga para acrescentar a este universo) o mito de Hannibal Lecter. A nível técnico, há que destacar o trabalho do director de fotografia, Ben Davis, que conseguiu um excelente resultado ao dar diferentes ambientes aos cenários por onde o jovem serial killer vai passando durante o filme. Um regalo para o olhar do espectador, que merecia um pouco mais para colocar este primeiro capítulo da história ao nível dos restantes, sobretudo «O Silêncio dos Inocentes» e «Hannibal».
Classificação: 3/5
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