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sábado, 11 de janeiro de 2014

Um belo final de filme, um belo final de carreira


John Huston faleceu em 1987 e deixou como legado uma grandiosa obra, recheada de pontos altos. Contudo, ao contrário de vários grandes realizadores, que se deixam arrastar em obras menores à medida que se aproxima o final da vida, o final da carreira de Huston ficou marcado por um dos seus pontos maiores. Já bastante debilitado e no hospital, o cineasta realizou uma pequena obra-prima a partir de um conto de James Joyce. «Gente de Dublin» («The Dead», no título original) é uma pequena maravilha e de uma simplicidade assombrosa. Este é um retrato de um jantar de início de ano onde uma comunidade de Dublin recorda os que morreram no passado e celebra os que continuam a viver num espírito de fraternidade que parece já não existir nos dias de hoje. E que termina num fabuloso monólogo, dito sobre imagens da neve que não pára de cair ao longo de todo o filme. Um belíssimo final de filme, para um belíssimo final de carreira.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Cenas #5

Ter e Não Ter, de Howard Hawks (1944)

Ela entra no quarto dele e pede-lhe lume. Começa assim o primeiro encontro entre Lauren Bacall e 'Bogey' em «Ter e Não Ter», obra-prima de Howard Hawks por vezes comparada (erroneamente) a «Casablanca», de Michael Curtiz, uma outra história de expatriados em terra de ninguém durante a II Guerra Mundial. Podia ter ido buscar a cena do assobio recordada por João Bénard da Costa como «um dos melhores diálogos da história do cinema» («You know you don't have to act with me, Steve. You don't have to say anything, and you don't have to do anything. Not a thing. Oh, maybe just whistle. You know how to whistle, don't you, Steve? You just put your lips together and... blow.»), mas esta parece-me a que melhor espelha a relação amor-ódio (mais amor do que ódio, como sempre nestas coisas) das personagens centrais do filme. E entre trocas de cigarros e lume, nasceu um dos míticos casais de Hollywood, que iria contracenar ainda em mais três filmes: «À Beira do Abismo» («The Big Sleep», de Howard Hawks, 1946), «O Prisioneiro do Passado» («Dark Passage», de Delmer Daves, 1947) e «Paixões em Fúria» («Key Largo», de John Huston, 1948). Mas isso são contas de outro rosário. Aqui celebra-se a magia de «Ter e Não Ter» e as trocas de lume entre Bacall e Bogart. E em tempos politicamente correctos pensamos para com os nossos botões: como seria este belo filme se não houvessem os cigarros?

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Frankenstein em Hoyuelos

«O Espírito da Colmeia» é um dos mais belos filmes de sempre. Escolher uma só cena do fabuloso filme de estreia de Victor Erice é bastante inglório, mas como este é um blogue de Cinema, parece adequado partilhar a cena da projecção de «Frankenstein» numa sala improvisada na aldeia de Hoyuelos. Muitos são os filmes que conseguem captar o fascínio exercido pela Sétima Arte nos espectadores, mas poucos, raros diria mesmo, conseguem algo tão sublime como esta bela sequência de uma grande pérola do Cinema espanhol. E ter a oportunidade de ver uma tamanha obra prima apresentada pelo seu autor na Cinemateca foi qualquer coisa de extraordinário.

domingo, 8 de setembro de 2013

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Cenas #3


In God(ard) we trust.
(cena de «O Acossado», a longa-metragem de estreia de Jean-Luc Godard)

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Cenas #2

A Coleccionadora, de Eric Rohmer

Com o calor a chegar, vale a pena recordar um bom filme de Eric Rohmer, um dos realizadores que melhor soube filmar os mistérios do amor.

sábado, 18 de maio de 2013

Cenas #1

A Infância de Ivan, de Andrei Tarkovsky

«A Guerra é coisa para adultos» é provavelmente a frase mais vezes repetida em «A Infância de Ivan», uma das primeiras obras da curta carreira de Andrei Tarkovsky, um dos maiores nomes do cinema soviético. Curiosamente este espantoso filme sobre a guerra (e não de guerra) é protagonizado por uma criança órfã que vive durante a II Guerra Mundial e trabalha como espião para as tropas russas. Cheio de cenas marcantes, sobretudo nos sonhos que o jovem protagonista tem ao longo do filme, o encontro entre Ivan e um homem mais velho, que ocorre durante a fuga da criança quando lhe dizem que não o querem na frente para não morrer, é uma das sequências mais fortes de todo o filme. A viver numa casa em ruínas, o homem aguarda o regresso da esposa, morta por um soldado nazi. A sequência termina com o grupo de soldados a levar Ivan de volta, depois deste breve encontro. No final o homem, de novo sozinho, lança uma frase seca de desespero ao nosso encontro, antes de fechar a porta de uma casa que não existe.
Para quem não conhece esta obra-prima, esta está disponível inteira neste link.