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sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Um Profeta, de Jacques Audiard (2009)


Depois do excelente «De Tanto Bater o Meu Coração Bateu», o francês Jacques Audiard brinda-nos com mais um grande filme. «Um Profeta», estreado por cá no final de 2009, é a história de um jovem delinquente que vai parar à prisão dos 'grandes' e por um acaso (estar na ala de um preso que tem de ser morto) acaba por se adaptar ao crime e aos poucos torna-se uma figura bastante influente, conseguindo amigos e aliados juntos dos dois principais grupos da prisão: os árabes e os nacionalistas da Córsega.

Para o papel principal de Malik, o profeta do título, Jacques Audiard conseguiu escolher um desconhecido Tahar Rahim que se continuar assim será um nome a reter no futuro. Como contraponto temos um repetente na obra do realizador, Niels Arestrup, que depois de interpretar o pai de Roman Duris em «De Tanto Bater o Meu Coração Bateu» uma vez mais apresenta uma figura patriarcal, ao ser o mentor de Malik.

Estes dois actores conseguem interpretações de luxo num filme de prisão que não conta uma fuga, como é mais comum neste tipo de filmes, mas antes a vida de um prisioneiro, que aproveita os contactos que faz para progredir na sua 'carreira', se assim se pode dizer. E consegue-o primeiro a fazer favores aos corsos dentro da cadeia, depois fora da prisão e por fim aproveitando as ideias de um companheiro para criar contactos e uma rede que trabalha para si enquanto cumpre pena. Sempre com a vantagem de se conseguir movimentar com as pessoas certas na altura certa e sair do barco quando este começa a meter água.

Tal como no anterior «De Tanto Bater...» Jacques Audiard filma um ambiente bastante sombrio, com as relações entre personagens marginais que procuram uma chance de redenção. A de Malik vai acontecendo com a presença do fantasma do homem que assassinou, que vai aparecendo ao longo do filme para falar com ele, e culmina no fim do filme, quando um dos seus companheiros morre e ele fica encarregue de tomar conta da sua família. Mesmo que para isso continue com 'más companhias' ao lado. O final fica um bocado em aberto, pois não se sabe se os criminosos que o esperam quando sai da prisão estão ali para o proteger ou para o matar.

Classificação: 4/5

(Crítica publicada originalmente a 3 de Janeiro de 2010 no blogue A Última Sessão)

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

De Tanto Bater o Meu Coração Parou, de Jacques Audiard (2005)

Para o seu quarto filme Jacques Audiard optou por realizar um remake de «Fingers» («Melodia para Um Assassino», no título em português, um filme do final dos anos 1970 realizado por James Toback e protagonizado por Harvey Keitel) e o resultado foi uma obra com os nervos à flor da pele, dominada por um jovem actor que na altura já estava a dar nas vistas, sobretudo depois de ter participado nesse hino ao programa Erasmus que é «A Residência Espanhola»: Roman Duris. Ao interpretar o papel de Thomas Seyr, um jovem que trabalha no ramo imobiliário (numa variante bastante original do sector, como podemos ver logo numa das cenas iniciais) a quem é dada uma segunda oportunidade para seguir uma das suas paixões, tocar piano, e tentar deixar a sua profissão, Duris conseguiu uma das melhores interpretações da sua carreira, provando que o actor não servia apenas para comédias e lhe garantiu várias nomeações para prémios, entre as quais a terceira nomeação para os prémios César, os Óscares franceses, e outra para o Prémio de Melhor Actor nos European Film Awards.

À semelhança da personagem principal, todo o filme vive e respira de acordo com o estado de espírito de Thomas, com a câmara mais nervosa nas cenas mais violentas (e neste filme a violência já tem mais espaço em comparação com o anterior «Nos Meus Lábios», onde já se começava a sentir este factor) e mais calma quando Thomas está rodeado pela música, seja quando está nas aulas de piano, seja quando está no carro ou na rua a ouvir as suas canções favoritas, geralmente mais ritmadas. A música (com Alexandre Desplat a assinar uma vez mais a banda sonora) ganha assim particular destaque e torna-se um elemento fundamental, como não podia deixar de ser, mais do que em qualquer outro filme de Audiard.

E é esta forma de filmar, aliada à já referida excelente interpretação de Roman Duris, que faz deste «De Tanto Bater o Meu Coração Parou» um dos melhores filmes do cineasta francês, apesar de ser um remake, e aquele onde a violência entra finalmente de rompante no universo de Audiard. Curiosamente, mesmo a violência sendo em algumas sequências um pouco mais forte e visual, o contraste com a música e o lado mais introspectivo de Thomas faz com que esta violência tenha ao mesmo tempo uma certa imagem mais poética, mais uma mais valia no filme.

Classificação: 4/5

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Nos Meus Lábios, de Jacques Audiard (2001)

E ao terceiro filme Jacques Audiard começa a aprimorar um estilo que vai estar bastante presente nos filmes que realiza posteriormente. Os tons sombrios que tínhamos visto em «Regarde Les Hommes Tomber», a sua obra de estreia, entram de rompante e tomam conta das personagens de «Nos Meus Lábios». A principal diferença em relação aos dois filmes seguintes («De Tanto Bater o Meu Coração Parou» e «Um Profeta») reside no facto de neste caso a personagem principal ser feminina, algo que não encontramos nos filmes anteriores, nem posteriores do realizador.

«Nos Meus Lábios» é a história de Carla (Emmanuelle Devos) uma empregada de escritório praticamente surda que é desprezada pelos seus colegas de trabalho devido à sua condição. Ao travar conhecimento com Paul (Vincent Cassel), um novo colega, recentemente saído da prisão, e com quem vai estabelecer uma certa relação de cumplicidade, começa a ter algo que não tinha antes: alguém que, de certa forma, e independentemente das suas razões, lhe dá alguma atenção e a ajuda a ultrapassar as suas dificuldades. São estas duas personagens marginalizadas, que acabam por se complementar, que vamos encontrar no terceiro filme de Audiard, onde unem esforços para tentar alcançar uma vida melhor num mundo no qual não se conseguem inserir.

Uma vez mais um dos pontos fortes nesta segura terceira obra do cineasta gaulês é a excelente interpretação arrancada aos seus actores, neste caso concreto Devos e Cassel, dois grandes nomes do Cinema francês. É algo comum na obra de Audiard, a junção de grandes actores que dão corpo a estas histórias de pessoas que vivem um pouco à margem da sociedade. E o resultado não volta a desiludir, apesar de representar uma certa mudança em relação aos filmes anteriores do realizador. E «Nos Meus Lábios» pode mesmo ser visto como o filme que marca um antes e um depois na sua obra, que começa a ganhar contornos mais violentos e sombrios e a ficar centrada em personagens um pouco marginalizadas.

Classificação: 4/5

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Um Herói Muito Discreto, de Jacques Audiard (1996)

O segundo filme de Jacques Audiard, estreado em 1996, é talvez o mais leve e menos sombrio dentro do conjunto da obra do cineasta francês, contando mesmo com alguns toques de comédia (o final demasiado irónico e ambíguo é delicioso), algo que não veremos nos seus seguintes filmes. Filmado em jeito de falso documentário, com depoimentos de historiadores e alguns dos supostos envolvidos na história, «Um Herói Muito Discreto» conta o percurso de Albert Dehousse (Mathieu Kassovitz e Jean-Louis Trintignant, que interpretam a versão jovem e mais velha da personagem, respectivamente) um jovem tímido e fechado, criado por uma mãe que o convence que o seu pai foi um herói da I Guerra Mundial, que se faz passar por herói da resistência francesa no final da II Guerra Mundial junto das forças militares gaulesas para ultrapassar este seu trauma. Tudo vai bem neste jogo de enganos até Dehousse ser descoberto e cair em desgraça.

A história de Dehousse, apesar de fictícia, foi baseada em casos reais que aconteceram em França no final da II Guerra Mundial e serviu neste filme para Audiard fazer um retrato sobre a ténue linha entre a realidade e a ficção, criada por um pobre diabo que quis ser alguém na vida. Uma vez mais Kassovitz, que já tinha algum destaque na obra de estreia do cineasta, está à altura do papel, levando aos ombros todo o filme. É curioso que para o pequeno papel de Albert mais velho tenha sido escolhido Jean-Louis Trintignant, que em «Regarde Les Hommes Tomber» interpretava uma figura paternal para a a personagem de Kassovitz. Mais um espelho neste jogo de enganos que é «Um Herói Muito Discreto».

Quem também transita do primeiro filme de Audiard é o compositor Alexandre Desplat, colaborador habitual do cineasta, que volta a ser responsável pela banda sonora do filme. Neste caso com um certo impacto visual, pois o realizador optou por colocar os intérpretes musicais em cena nas sequências onde a música precisa de dar força às imagens, algo que acaba por funcionar quase como uma espécie de entretítulos sonoros. E bastante bem.

Classificação: 4/5

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Regarde Les Hommes Tomber, de Jacques Audiard (1994)

(Crítica com spoilers)
Depois de na década de 1980 ter assinado um punhado de bons argumentos para Cinema, o francês Jacques Audiard resolveu sentar-se na cadeira de realizador pela primeira vez quando corria o ano de 1994. Foi nessa altura que escreveu e realizou «Regarde Les Hommes Tomber», a sua obra de estreia, um estranho thriller que nos conta a história de Simon (Jean Yanne), um vendedor que está com o seu melhor amigo, um polícia, quando este é baleado e entra em coma. Depois deste acontecimento Simon resolve ir atrás dos autores dos disparos e entra numa espiral de confusão, deixando para trás familiares e emprego. Em simultâneo o filme retrata a história da relação entre dois homens, Marx (Jean-Louis Trintignant) e Johnny (Mathieu Kassovitz), que começou antes do trágico acontecimento e mais tarde sabemos que estiveram relacionados com o incidente que envolveu o amigo de Simon.

Mesmo com a ajuda de um bom naipe de actores, com destaque para os dois veteranos Yanne e Trintignant e o novato Kassovitz (que teve neste filme um dos seus primeiros grandes papéis no Cinema e uma excelente interpretação), e uma boa banda sonora, assinada por Alexandre Desplat,  a estreia de Audiard não é de todo uma das melhores obras do cineasta gaulês. Ou pelo menos a mais acessível, apesar de ter sido reconhecida com a nomeação para alguns prémios, incluindo nos Césares (os Óscares franceses), onde o filme foi distinguido com três galardões, incluindo o de Melhor Primeira Obra.

Tal deve-se a uma certa fragmentação do argumento e à forma como a história se vai desenrolando, tornando o filme a espaços demasiado confuso. Mas, mais do que um thriller policial, diferente dos padrões normais do género, «Regarde Les Hommes Tomber» não deixa de ser um interessante estudo sobre a personalidade de três personagens bastante complexas, cada uma com as suas motivações que as levam a ter as acções que tomaram em determinadas situações. É este o ponto forte da estreia de Jacques Audiard, que mais tarde viria a explorar bastante bem este tipo de personagens, mas focando-se apenas sobretudo numa só personagem, como foi o caso dos filmes seguintes: «Um Herói Muito Discreto», «De Tanto Bater o Meu Coração Parou» e «Um Profeta».

Classificação: 3/5

domingo, 14 de outubro de 2012

13ª Festa do Cinema Francês: «A L’Abri de la Tempête», de Camille Brottes-Beaulieu (2010)


 A presente edição da Festa do Cinema Francês tem sido farta em primeiras obras. Uma delas é «A L’Abri de la Tempête», realizada por Camille Brottes-Beaulieu e inserida na secção dedicada a Maria de Medeiros, a madrinha do evento, filme escolhido também para encerrar este mini ciclo onde foram apresentadas várias obras seleccionadas pela própria actriz e realizadora portuguesa. 

Em «A L’Abri de la Tempête» acompanhamos as desventuras de Valentine (Judith Magre e Maria de Medeiros) e Léo (Jean-Claude Leguay e Vincent Deniard) um casal de vagabundos: ela é uma antiga estrela de Cinema, que trabalhou com os grandes nomes da Nouvelle Vague e começa a perder a visão, ele um homem mais novo, perdido com os seus problemas mentais. Cada um à sua maneira, ambos tentam tomar conta um do outro, formando um par no mínimo bastante peculiar que percorre as ruas de uma cidade à beira-mar, nunca identificada.

A estreia de Camille Brottes-Beaulieu é um daqueles filmes em tons oníricos onde duas pessoas à margem da sociedade vão sobrevivendo às agruras do dia-a-dia, através das suas deambulações e pensamentos, alguns dos quais são expressos em estranhos diálogos que apenas eles conseguem entender, na medida em que vivem num mundo que é só deles. Só que o resultado é demasiado vago: as personagens andam à deriva, não se entende bem a relação que existe entre elas ou como se conheceram, nem como chegaram ali.

Nota-se algum esforço da parte dos actores em dar vida a estas personagens, mas nunca nos conseguem convencer em pleno que sabem onde estão, tal é a confusão da história, que se perde ainda mais a dada altura, com um flash forward que acaba por levar ao desenlace.

Classificação: 2/5

«A L’Abri de la Tempête» vai passar hoje, dia 14 de Outubro, às 17h00 horas, no Cinema São Jorge, em Lisboa, e de novo no dia 5 de Novembro, às 21h45, no Cinema São Mamede, em Guimarães.

sábado, 13 de outubro de 2012

13ª Festa do Cinema Francês: Galinha com Ameixas, de Vincent Paronnaud e Marjane Satrapi (2011)

Quatro anos depois de ter levado ao grande ecrã a Banda Desenhada «Persepolis», a dupla Vincent Paronnaud e Marjane Satrapi está de regresso e uma vez mais traz-nos um belo filme. E em todos os sentidos, pois não só «Galinha com Ameixas» é um dos filmes mais poéticos, um verdadeiro regalo para os olhos, que passou pela 13ª Festa do Cinema Francês, como um grande filme e até ver a melhor obra que passou pelos ecrãs do São Jorge na presente edição do evento. Tal como «Persepolis», também este filme é baseado numa BD de Satrapi, com cariz autobiográfico, pois relata a história de um familiar da cineasta, o violinista Nasser Ali Khan (Mathieu Amalric), que desistiu de viver depois de o seu instrumento se ter partido e não ter encontrado um violino suficientemente bom para o substituir.

Ao contrário da primeira obra da dupla, exclusivamente em animação a preto e branco, desta vez o resultado é muito mais colorido, apesar do tom melodramático da história, e mistura animação e imagem real. Em alguns casos chegamos a identificar um certo imaginário que nos remete para os filmes de Michel Gondry. Todos os elementos de «Galinha com Ameixas», que nos dão a ver os últimos dias de vida do violinista e a recordação do passado, através de inúmeros flashbacks que nos contam o seu passado e como se apaixonou pela música, e mesmo o que acontece no futuro aos seus familiares (belíssimas, cada uma à sua maneira, as sequências que mostram o que acontece aos filhos de Nasser Ali Khan), nos dão um dos mais belos filmes a chegar ao grande público este ano.

A juntar a estas maravilhosas imagens, Vincent Paronnaud e Marjane Satrapi conseguiram também reunir para este segundo filme da dupla um excelente elenco, liderado por Amalric, um dos melhores actores franceses da actualidade, e bem acompanhado por Maria de Medeiros, que este ano é a Madrinha da Festa do Cinema Francês. Difícil é não nos apaixonarmos por este universo, tal como já tinha acontecido na anterior obra da dupla.

Classificação: 5/5

«Galinha com Ameixas» passa apenas hoje, dia 13 de Outubro, em antestreia na Festa do Cinema Francês às 22h, na Sala Manoel de Oliveira do Cinema São Jorge.

13ª Festa do Cinema Francês: Un heureux événement, de Rémi Bezançon (2011)

Que efeito pode trazer na vida de um casal a chegada de um filho? É esta a questão abordada em «Un heureux événement», uma comédia romântica realizada por Rémi Bezançon, nome que já passou este ano pela Festa do Cinema Francês na qualidade de um dos realizadores da animação «Zarafa» (os mais atentos notarão a presença deste filme, curiosamente estreado posteriormente, em algumas das cenas, como se de um pequeno cameo fosse). E se a história da primeira girafa a pisar solo gaulês é bastante recomendável (conferir aqui), também esta longa-metragem, com actores de carne e osso, merece destaque, apesar de direccionada para um público mais velho. Em «Un heureux événement» partilhamos com o casal Barbara (Louise Bourgoin) e Nicolas (Pio Marmaï) todas as alegrias e tristezas de uma história de amor que sofre uma reviravolta quando decidem ter um filho.

Toda a primeira parte do filme é contada através de um olhar mais leve e cómico (a sequência de como o casal se conhece está bastante bem conseguida e de certo irá agradar a alguns cinéfilos) que nos mostra as peripécias e dificuldades da relação até ao momento do nascimento da criança. A partir daqui o novo elemento da família vem causar um pequeno abalo na relação, o verniz estala e os problemas começam a surgir, trazendo o drama e um tom mais pesado ao filme. Mas, mesmo com esta mudança brusca de género, «Un heureux événement» consegue ser um filme equilibrado que aguenta bem, em grande parte devido à enorme química que parece existir entre a dupla protagonista. Os secundários também não desiludem, nomeadamente a personagem da mãe de Barbara, interpretada por Josiane Balasko, que acaba por ter o seu espaço próprio sem roubar o filme a quem de direito.

Uma boa surpresa, que está a anos-luz de comédias recentes que abordam o mesmo tema da gravidez. Assim de repente lembro-me do inenarrável «O Que Se Espera Enquanto Se Está à Espera», de Kirk Jones, que passou há alguns meses pelas salas e não deixou saudades.

Classificação: 4/5

«Un heureux événement» vai passar hoje, dia 13 de Outubro, às 19h30 horas, no Cinema São Jorge, em Lisboa, e de novo no dia 20, às 19h30 no Teatro Municipal de Faro no dia 26 de Outubro, às 18h00 horas, no Teatro Académico de Gil Vicente, em Coimbra.

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

13ª Festa do Cinema Francês: Le cochon de Gaza, de Sylvain Estibal (2011)

Depois de «Le Fils de l'autre», o conflito israelo-palestiniano volta a ser o pano de fundo de um outro filme apresentado na edição deste ano da Festa do Cinema Francês. «Le cochon de Gaza» é uma daquelas comédias com uma boa premissa mas cujo resultado final acaba por não se cumprir de todo. Neste caso, o filme conta-nos a história de um pobre pescador palestiniano que 'pesca' um porco, animal impuro para os muçulmanos, e não sabe o que fazer para se ver livre do animal, envolvendo-se em inúmeras peripécias e episódios caricatos que envolvem a comunidade local, desde os colonos aos militares israelitas, passando por um grupo de terroristas ou as autoridades locais.

Através da história do pescador Jafaar (Sasson Gabai), Sylvain Estibal, que assina aqui a sua primeira obra, faz-nos um retrato demasiado leve dos problemas que dividem Israel e a Palestina, representados muitas vezes sob a forma de clichés: uma comunidade de colonos que estão prestes a ser expulsos, postos fronteiriços que ficam literalmente dentro da casa de palestinianos, polícias corruptos, entre outros exemplos, são todos retratados em «Le cochon de Gaza». Ou seja, nada que já não tenha sido visto noutros filmes ou nos noticiários do dia-a-dia.

Mesmo que tenha boas intenções, e o final do filme (um pouco escusado e forçado, a meu ver) é a melhor prova disso, a estreia de Sylvain Estibal nunca vai mais além de um filme simpático, que pretende utilizar os mecanismos da comédia para mostrar o que se passa numa comunidade dividida por questões tão complicadas. Conseguimos simpatizar com a personagem de Jafaar e a tarefa que tem em mãos, mas há demasiadas falhas, tanto a nível de argumento como técnicos (o som parece de um filme dobrado, por exemplo), para conseguir gostar de «Le cochon de Gaza». Com muito menos espalhafato, Elia Suleiman fez há anos uma das melhores comédias sobre este tema, sem deixar de ser tão absurda: «Intervenção Divina».

Classificação: 2/5

«Le cochon de Gaza» vai passar hoje, dia 12 de Outubro, às 19h30 horas, no Cinema São Jorge, em Lisboa, e de novo no dia 13, às 23h00 no Fórum Romeu Correia, em Almada, no dia 25 às 18h30, no Rivoli Teatro Municipal, no Porto, e no dia 29 de Outubro, às 23h30 horas, no Teatro Académico de Gil Vicente, em Coimbra.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

A partir de hoje Jacques Audiard toma conta do Nimas

No âmbito da 13ª Festa do Cinema Francês começa hoje no Espaço Nimas, em Lisboa, um ciclo dedicado a Jacques Audiard, um dos cineastas gauleses mais interessantes da actualidade. A mais recente obra de Audiard, «De Rouille et d'os», vai também estar em destaque na Festa no próximo domingo, onde será projectado como filme de encerramento do evento no Cinema São Jorge, às 22h00. Ficam aqui os horários para o ciclo do Nimas, uma boa sugestão para os próximos dias.

Regarde Les Hommes Tomber (1994)
11 de Outubro às 21h30
14 de Outubro às 18h30

Um Herói Muito Discreto (1996)
14 de Outubro às 16h00
17 de Outubro às 21h30

Nos Meus Lábios (2001)
13 de Outubro às 18h30
15 de Outubro às 21h30

De Tanto Bater o Meu Coração Parou (2005)
13 de Outubro às 21h30
16 de Outubro às 21h30

Um Profeta (2009)
12 de Outubro às 21h30
14 de Outubro às 21h30

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

13ª Festa do Cinema Francês: Elas, de Malgorzata Szumowska (2011)

«Elas», de Malgorzata Szumowska, é uma das propostas de hoje da 13ª Festa do Cinema Francês. Protagonizado por Juliette Binoche, o filme conta-nos a história de uma jornalista, Anne, que está a escrever um artigo sobre estudantes de Paris que se prostituem para ganhar dinheiro e ter uma vida que de outra forma não conseguiriam ter. A escrita do artigo e a convivência com as duas jovens entrevistadas, Charlotte (Anaïs Demoustier) e Alicja (Joanna Kulig), acaba por ter alguma influência no dia-a-dia de Anne e na forma como esta lida com um casamento que atravessa uma fase conturbada.

Com carreira cimentada sobretudo na área do documentário, esta é a quarta incursão da cineasta polaca no mundo da ficção. E este passado no universo do documentário nota-se talvez demasiado em «Elas», o que acaba por ser uma das maiores falhas no filme, na medida em que nunca consegue cativar o espectador, seja através da história de Anne, seja pelas histórias das duas jovens. O resultado é algo demasiado vago e confuso, que não chega a aprofundar nenhuma das partes. Pouco sabemos da jornalista, aparentemente a personagem principal do filme, mas que nos parece demasiado perdida, apesar de no início parecer alguém seguro. Binoche bem tenta levar avante a sua interpretação, mas pouco consegue fazer para alcançar uma interpretação ao nível do que nos tem habituado. O mesmo sucede com a parte dedicada às jovens, pois pouco ficamos a saber em relação a estas personagens, como por exemplo, quais foram os motivos que as levaram a enveredar pela prostituição.

Classificação: 2/5

«Elas» vai passar hoje, dia 10 de Outubro, às 22 horas no Cinema São Jorge, em Lisboa, e de novo no dia 17 de Outubro, às 21h30, no Teatro Municipal de Faro, e no dia 31 de Outubro, às 21 horas, no Teatro Académico de Gil Vicente, em Coimbra.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

13ª Festa do Cinema Francês: Captive, de Brillante Mendoza (2012)

(crítica com spoilers)
Que ninguém sai inteiro de um filme de Brillante Mendoza não é grande novidade. Mas em «Captive» saímos um bocadinho mais inteiros do que nos anteriores filmes do cineasta filipino, apesar de alguma violência percorrer as duas horas deste filme, que relata o cativeiro de um grupo de reféns raptado por terroristas islâmicos. Não sabemos se os murros no estômago que estavam presentes nos últimos filmes de Brillante Mendoza, tanto o poético «Lola» como o mais duro «Kinatay», sobretudo este, foram suavizados devido ao facto de «Captive» ser uma co-produção com financiamento europeu ou não, mas o que é certo é que esta última obra do realizador não é tão forte como as duas anteriores, mesmo tocando situações sensíveis.

Filmado como se de um documentário ficcionado se tratasse, com uma câmara sempre nervosa, a mostrar a tensão do que se vive, «Captive» mostra-nos a dura realidade do cativeiro desde que o grupo é raptado até à sua libertação. Pelo meio há ainda tempo para reflectir sobre temas como o terrorismo e as suas ligações tanto à religião como às forças políticas. Mas o que falta a este filme em relação às duas anteriores obras do realizador, talvez as mais conhecidas, é precisamente essa dureza que fazia dos filmes de Mendoza quase como uma experiência.

Em «Captive» não há nada que nos prenda suficientemente à história ou nos leve a viver o que se passa com as personagens, como acontecia em «Lola» ou «Kinatay». Aqui estamos demasiado afastados do filme, mas talvez seja esse o objectivo, tal como é explicado nas legendas que aparecem no início e no final de «Captive», onde em traços gerais é descrita a situação dos raptos de pessoas nas Filipinas, que tiveram a sua génese precisamente no episódio que é relatado neste filme. Apesar da presença de uma certa violência, não só nas sequências mais previsíveis, como são as dos conflitos entre os terroristas e o exército ou milícias armadas, o filme poderia ter ido um bocado mais longe na exploração dos cenários, como a floresta onde decorre grande parte da acção, que não conseguem ser opressivos e falham em criar a sensação de que aquelas pessoas estão numa situação desesperante. Mesmo que todo o elenco tenha boas interpretações, «Captive» acaba por ser pouco satisfatório para quem estava à espera de algo mais à semelhança dos outros filmes de Brillante Mendoza.

Classificação: 3/5

«Captive» vai passar hoje, dia 9 de Outubro, às 22 horas no Cinema São Jorge, em Lisboa, e no dia 7 de Novembro às 21h45 no Cinema São Mamede, em Guimarães.

domingo, 7 de outubro de 2012

13ª Festa do Cinema Francês: L'art d'aimer, de Emmanuel Mouret (2011)

Amor. O Amor nos seus mais diversos tamanhos e feitios. Entre jovens e mais velhos, entre gente casada e entre desconhecidos, e mesmo o amor de quem nunca encontrou o verdadeiro Amor, seja lá o que isso for. É esse o tema de «L'art d'aimer», um filme mosaico realizado por Emmanuel Mouret, que acumula ainda o papel de argumentista e tem um pequeno papel num dos segmentos. Se a premissa é boa, mostrar as diferentes formas de amor a partir de uma determinada música que toda a gente ouve quando se apaixona (pelo menos é o que diz o narrador para justificar todas estas histórias), o resultado final é um pouco confuso e pouco atractivo para quem vier à procura de uma comédia.

Na maior parte os episódios são bastante desequilibrados e pouco credíveis. Nunca chegamos a perceber se o objectivo de «L'art d'aimer» é brincar um pouco com os clichés das relações na vida real ou ser levado mais a sério, por muito que os actores se esforcem por mostrar estas diferentes facetas do Amor. Um tiro ao lado, que acaba por ser um dos filmes mais fracos desta edição da Festa do Cinema Francês.

Classificação: 2/5

«L'art d'aimer» vai passar hoje, dia 7 de Outubro, às 22 horas no Cinema São Jorge, em Lisboa, e repete no dia 12 de Outubro em Almada, no Fórum Romeu Correia, às 21h00, no dia 16 em Faro, no Teatro Municipal de Faro, às 21h30, no dia 26 no Rivoli Teatro Municipal, no Porto, às 21h30 e no dia 31 em Coimbra, no Teatro Académico de Gil Vicente, às 21h30.

sábado, 6 de outubro de 2012

13ª Festa do Cinema Francês: Je Me Suis Fait Tout Petit, de Cécilia Rouaud (2012)

«Je Me Suis Fait Tout Petit» marca a estreia na realização de Cécilia Rouaud e é um dos destaques do dia na 13ª Festa do Cinema Francês. Interpretado por Denis Ménochet (cara conhecida para os fãs de Tarantino, pois o actor entrou no último filme do norte-americano, «Sacanas Sem Lei»), o filme é uma comédia dramática sobre um professor à deriva, prestes a abandonar o trabalho em Paris rumo à solidão da Bretanha, cuja vida muda de repente quando se vê a braços com o filho da ex-mulher, que o abandonou há cerca de cinco anos. Além de ter de tratar do petiz, que foi deixado em casa da irmã de Yvan pela sua própria ex-esposa, Yvan tem ainda de lidar com duas filhas adolescentes que não gostaram da ideia de ficar sem o irmão de repente e tomam medidas drásticas para o demover. A juntar a tudo isto surge em cena a despassarada Emmanuelle (Vanessa Paradis), uma nova professora na escola de Yvan, por quem acaba por se apaixonar. Todos estes factores repentinos levam Yvan a reequacionar a sua vida e os planos que tinha para tentar recuperar do impasse.

Com uma excelente interpretação de Denis Ménochet, num daqueles papéis onde o actor principal é praticamente obrigado a levar o filme às costas, «Je Me Suis Fait Tout Petit» é uma boa estreia de Cécilia Rouaud, apesar de em alguns aspectos o argumento ser um pouco confuso. Claro que ajuda a presença de um bom elenco de suporte à personagem de Yvan, assim como uma bela banda sonora, em grande parte baseada em guitarra, que está à altura da história. Uma boa estreia.

Classificação: 4/5

«Je Me Suis Fait Tout Petit» vai passar hoje, dia 6 de Outubro, às 22 horas no Cinema São Jorge, em Lisboa, e repete no dia 8 de Outubro, também no São Jorge e à mesma hora. O filme passa ainda no dia 11 de Outubro em Almada, no Fórum Romeu Correia, às 21h00, no dia 12 no Institut Français du Portugal, às 18h45, dia 21 em Faro, no Teatro Municipal de Faro, às 21h30, e no dia 25 em Coimbra, no Teatro Académico de Gil Vicente, às 21h00.

13ª Festa do Cinema Francês: Sur la piste du Marsupilami, de Alain Chabat (2012)

À semelhança do que tem acontecido com os super-heróis da banda desenhada dos EUA, também as personagens de BD europeias têm sido levadas ao grande ecrã com alguma regularidade nos últimos anos. Algumas adaptações com resultados interessantes («As Múmias do Faraó - As Aventuras de Adèle Blanc-Sec»), outras razoáveis (alguns episódios da série «Astérix», que está prestes a estrear o quarto filme) e ainda objectos mais fracos («Os Irmãos Dalton»). O mais recente a ter tratamento cinematográfico foi Marsupilami, um animal exótico que apareceu primeiro na BD de Spirou antes de ter direito a uma série própria.

Tal como os exemplos referidos, também «Sur la piste de Marsupilami» opta por ser um filme em imagem real, onde apenas o marsupilami é criado digitalmente. E esta opção começa por ser um dos pontos fracos do filme, pois todo este universo garrido e personagens com esgares estranhos, elementos que em animação teriam resultado na perfeição, não convencem. Depois temos uma história fraca (um histórico jornalista de televisão com a carreira em risco é enviado para a Palômbia, o país onde fez a sua primeira grande reportagem, para tentar recuperar a sua carreira num prazo apertado), piadas que não funcionam de todo (o segmento sobre a profecia é um desses exemplos) e que nem sempre percebemos se são dirigidas a um público mais adulto ou aos mais novos.

Curioso é constatar que «Sur la piste de Marsupilami» foi realizado por Alain Chabat, que realizou «Astérix e Obélix: Missão Cleópatra», aquele que é considerado o melhor episódio da série Astérix no Cinema, e conta com um bom lote de actores, como Jamel Debbouze ou Lambert Wilson, este último num papel que não sabemos se nos faz rir ou chorar, pois é demasiado mau para um actor deste calibre. No final ficamos a questionar-nos até onde pode ser esticada a corda nas adaptações de BD e esperar que Marsupilami não venha a ter sequelas no futuro.

Classificação: 1/5

«Sur la piste de Marsupilami» vai passar hoje, dia 6 de Outubro, às 17h00 no Cinema São Jorge, em Lisboa e repete no dia 9 no Institut Français du Portugal, também em Lisboa, às 19h45. O filme vai ainda passar pelo Rivoli Teatro Municipal, no Porto, no dia 27 de Outubro, às 18h30, e pelo Teatro Académico de Gil Vicente, em Coimbra, no dia 30 de Outubro, às 21h00.

13ª Festa do Cinema Francês: Coleur de Peau: Miel, de Laurent Boileau, Jung Henin (2012)

«Coleur de Peau: Miel», da dupla Laurent Boileau e Jung Henin, é um dos filmes da secção «O Universo da Animação», a secção da Festa do Cinema Francês que pretende mostrar algumas obras mais recentes, e não só, do Cinema de Animação francês. Baseado na história pessoal de um dos realizadores, Jung Henin, esta deliciosa animação conta como Jung foi educado por uma família belga, que o adoptou depois da Guerra da Coreia. Jung foi uma das cerca de 200 mil crianças coreanas adoptadas por famílias de outros países que as adoptaram no final do conflito que terminou com a divisão da Península da Coreia.

Toda esta história é contada em pano de fundo, assim como a busca das suas raízes pelo próprio Jung, que surge em imagens reais, o que resulta numa interessante mistura entre os dois géneros. Mas o grosso de «Coleur de Peau: Miel», em animação, serve para contar a história da infância de Jung e como este se adaptou a uma família estranha e vice-versa. Todos os episódios normais do crescimento de uma criança estranha num país estranho, desde a sua relação com os novos irmãos à forma como as crianças coreanas eram vistas por outros, são mostradas neste belo filme. Num dos episódios mais engraçados vemos o jovem Jung a renegar a sua origem, adoptando a cultura japonesa para se esquecer de onde veio e afastar um certo ostracismo de que era alvo.

Com «Coleur de Peau: Miel» a dupla Laurent Boileau e Jung Henin consegue atingir quase em pleno aquilo que tem sido uma tendência no universo da animação recente: um filme para os mais novos que consegue também chegar aos mais velhos, que podem aproveitar o caso de Jung para conhecer uma história com contornos reais que nos remete para acontecimentos da História recente, muito provavelmente pouco conhecida no Ocidente.

Classificação: 4/5

«Coleur de Peau: Miel» vai passar hoje, dia 5 de Outubro, às 17 horas no Cinema São Jorge, em Lisboa, e de novo no dia 11 de Outubro, às 10h30, também no Cinema São Jorge em sessões escolares.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

13ª Festa do Cinema Francês: Le Fils de l'autre, de Lorraine Lévy (2012)

No seu mais recente filme, «Le Fils de l'autre», a francesa Lorraine Lévy aborda o conflito israelo-palestiniano através de uma abordagem curiosa: duas famílias, uma de cada lado do conflito, descobrem que um dos seus filhos, acabado de fazer 18 anos, foi trocado à nascença na maternidade. Esta descoberta vai trazer um forte abalo nas duas famílias, que não sabem muito bem como lidar com a situação, sobretudo os pais, que começam logo por abandonar o consultório onde lhes é dada a notícia. Caberá então às duas mães, que se mostram mais abertas à situação, apesar de reticentes numa primeira fase, dar os passos para tentar resolver o diferendo. A situação acaba também por tocar os dois jovens, que de um momento para o outro vêem as suas vidas mudar completamente: o adolescente israelita, prestes a entrar para o serviço militar obrigatório, que sempre se viu como judeu deixa de o ser e o jovem que é o verdadeiro filho da sua família descobre que afinal deveria ter crescido no outro lado da fronteira.

Um dos aspectos mais bem conseguidos neste filme de Lorraine Lévy, uma das obras apresentadas na presente edição da Festa do Cinema Francês, é o facto de a cineasta não assumir necessariamente a defesa de um dos lados, apesar de as maiores críticas, quando surgem, serem dirigidas ao lado israelita, seja o lado militarista do país ou a forma como são tratados os palestinianos. Mas o que interessa mais em «Le Fils de l'autre» são as relações destas duas famílias, que por vezes assumem tons um pouco naives, como acontece na forma como as famílias se habituam à nova situação. Mesmo quando se sente no ar a presença de ódios demasiado fortes, este depressa desaparece, como se nada fosse. Isto acaba por resultar num retrato um pouco mais leve e tímido do conflito israelo-palestiniano, que apenas serve de pano de fundo ao resto da trama. Mas não deixa de ser um belo drama familiar sobre as relações entre pessoas oriundas de universos tão diferentes.

Classificação: 3/5

«Le Fils de l'autre» vai passar hoje, dia 5 de Outubro, às 21h00 no Cinema São Jorge, em Lisboa e repete nos dias 6 e 9 no Institut Français du Portugal, também em Lisboa, às 18h45 e 21h45, respectivamente. O filme vai ainda passar pelo Teatro Municipal de Faro no dia 17 de Outubro, às 19h30, pelo Rivoli Teatro Municipal, no Porto, no dia 28 de Outubro, às 21h30, e pelo Teatro Académico de Gil Vicente, em Coimbra, no dia 26 de Outubro, às 21h00.

13ª Festa do Cinema Francês: Zarafa, de Rémi Bezançon e Jean-Christophe Lie (2012)

Numa altura em que a animação está cada vez mais dominada pelo digital e pelo 3D é curioso constatar que ainda há quem resolva apostar em métodos mais tradicionais, como acontece em «Zarafa», um dos filmes da secção «O Universo da Animação», da Festa do Cinema Francês. E para quem pensa que estes filmes mais tradicionais são coisa do passado e fora de moda, o filme realizado por Rémi Bezançon e Jean-Christophe Lie vem contrariar essa opinião, pois tecnicamente este é um daqueles filmes de animação que apaixona os fãs do género.

Claramente virado para um público infantil, «Zarafa» baseia-se na história real da primeira girafa a entrar em solo francês, quando o Paxá do Egipto resolveu oferecer a Carlos X, o Rei de França, um espécime de tão exótico animal. Narrado por um ancião de uma aldeia africana a um grupo de crianças, o filme conta também a história de Maki, um menino de 10 anos que tenta a todo o custo trazer de volta a girafa Zarafa, como lhe chama, de volta à sua terra natal.

O resultado final é uma bela obra de animação, com uma história simples que apela ao coração de todos. E ainda temos direito a um cheirinho de diversos géneros: a viagem de África a Paris, que nos leva a atravessar desertos, mares e paisagens montanhosas, que nos faz recordar os filmes de viagens, faz também lembrar a espaços os filmes de aventuras, protagonizados por piratas e aventureiros que não têm medo de nada. «Zarafa» acaba também por ser uma grande surpresa para quem pensar que a animação tradicional foi chão que já deu uvas.

Classificação: 4/5

«Zarafa» vai passar hoje, dia 6 de Outubro, às 11h30 no Cinema São Jorge, em Lisboa e repete nos dias 11 em Almada, no Fórum Romeu Correia, às 15h00, dia 20 em Faro, no Teatro Municipal de Faro, às 15h00, no dia 28 no Rivoli Teatro Municipal do Porto, às 15h30, no dia 31 de Outubro em Coimbra, no Teatro Académico de Gil Vicente, às 10h30, e no dia 8 de Novembro, em Guimarães, no Cinema São Mamede, às 14h30.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

13ª Festa do Cinema Francês: Paulette, de Jérôme Enrico (2012)

Arranca hoje mais uma edição da Festa do Cinema Francês. Para abrir as hostilidades foi escolhida uma agradável comédia, em antestreia mundial, que certamente ficará na memória dos espectadores. Quanto mais não seja pela sua premissa: uma senhora idosa, com um certo feitio temperamental, que vive nos subúrbios de Paris e resolve começar a traficar haxixe para saldar as suas dívidas. Mal sabia Paulette (Bernadette Lafont) no que se iria meter, alterando não só o seu dia-a-dia e o das suas amigas, mas também o próprio tráfico no bairro.

«Paulette» não será certamente uma das melhores comédias dos últimos tempos, mas é um dos bons exemplos da comédia recente vinda de terras gaulesas. Pegando em personagens peculiares, não só Paulette, mas todo o elenco secundário que a acompanha nas suas desventuras, desde o grupo de amigas ao vizinho apaixonado, passando pelos gangues de rua, o filme dá um tom leve a temas mais pesados, neste caso a vida de alguém que já teve melhores dias num ambiente hostil. E com algum esforço, não necessariamente através dos melhores meios, consegue dar a volta por cima.

A personagem interpretada por Bernadette Lafont é simplesmente deliciosa e uma daquelas por quem facilmente nos apaixonamos, tal é a velocidade com que lança tiradas politicamente incorrectas. E elas não faltam durante todo o filme. Pena que o elenco secundário, apesar da presença de bons actores, não tenha espaço suficiente para ter mais destaque, e acaba por apenas estar lá para cumprir os mínimos e dar as respostas que já estamos à espera que sejam dadas em determinada situação. «Paulette» não deixa contudo de ser uma aposta ganha para esta abertura da 13ª Festa do Cinema Francês.

Classificação: 3/5

«Paulette» passa hoje na sessão de abertura da Festa do Cinema Francês às 21h, na Sala Manoel de Oliveira do Cinema São Jorge.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

A partir de amanhã, o Cinema francês toma conta do blogue

Em antecipação ao início da 13ª Festa do Cinema Francês, que arranca oficialmente amanhã, e em jeito de homenagem musicada a um dos meus realizadores franceses favoritos , deixo-vos um vídeo com a belíssima cena final de «Os Quatrocentos Golpes», acompanhada por uma música dos escoceses Belle and Sebastian («We Rule The School»).