A presente edição da Festa do Cinema Francês tem sido farta
em primeiras obras. Uma delas é «A L’Abri de la Tempête », realizada por
Camille Brottes-Beaulieu e inserida na secção dedicada a Maria de Medeiros, a
madrinha do evento, filme escolhido também para encerrar este mini ciclo onde
foram apresentadas várias obras seleccionadas pela própria actriz e realizadora
portuguesa.
Em «A L’Abri de la Tempête » acompanhamos as desventuras de Valentine
(Judith Magre e Maria de Medeiros) e Léo (Jean-Claude Leguay e Vincent Deniard)
um casal de vagabundos: ela é uma antiga estrela de Cinema, que trabalhou com
os grandes nomes da Nouvelle Vague e começa a perder a visão, ele um homem mais
novo, perdido com os seus problemas mentais. Cada um à sua maneira, ambos
tentam tomar conta um do outro, formando um par no mínimo bastante peculiar que
percorre as ruas de uma cidade à beira-mar, nunca identificada.
A estreia de Camille Brottes-Beaulieu é um daqueles filmes
em tons oníricos onde duas pessoas à margem da sociedade vão sobrevivendo às
agruras do dia-a-dia, através das suas deambulações e pensamentos, alguns dos
quais são expressos em estranhos diálogos que apenas eles conseguem entender,
na medida em que vivem num mundo que é só deles. Só que o resultado é demasiado
vago: as personagens andam à deriva, não se entende bem a relação que existe
entre elas ou como se conheceram, nem como chegaram ali.
Nota-se algum esforço da parte dos actores em dar vida a
estas personagens, mas nunca nos conseguem convencer em pleno que sabem onde
estão, tal é a confusão da história, que se perde ainda mais a dada altura, com
um flash forward que acaba por levar ao desenlace.
Classificação: 2/5
«A L’Abri de la Tempête » vai passar hoje, dia 14 de Outubro, às 17h00 horas, no Cinema São Jorge, em Lisboa, e de novo no dia 5 de Novembro, às 21h45, no Cinema São Mamede, em Guimarães.
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