O ano é 1789, o mês Julho. Tudo corre bem na corte de Luís XVI e Maria Antonieta instalada em Versalhes. Pelo menos até ao dia em que o povo toma a Bastilha iniciando assim um processo que irá ficar conhecido como a Revolução Francesa. Este período conturbado da História de França é o pano de fundo de «Adeus, Minha Rainha», o mais recente filme de Benoît Jacquot, que nos mostra o início do fim da monarquia francesa através do olhar de Sidonie Laborde (Léa Seydoux), a leitora de Maria Antonieta (Diane Kruger).
«Adeus, Minha Rainha» é um retrato dos jogos de aparências em Versalhes, centrado nas relações ambíguas entre a própria leitora e a Rainha e Gabrielle de Polignac (Virginie Ledoyen), uma figura da nobreza com um passado obscuro que surge na lista de cabeças a cortar para que tudo se resolva, e Maria Antonieta. Filmado a partir de um ponto de vista feminino (as personagens masculinas aqui não têm grande protagonismo), o filme aproveita os esplendorosos cenários de Versalhes para nos apresentar um mundo em decadência, bem diferente do retrato mais glamouroso que Sofia Coppola fez do mesmo universo há uns anos, onde mesmo com a tragédia no horizonte as ordens da monarca têm de ser acatadas, tenha ou não razão.
Léa Seydoux, actriz que se está a tornar um dos nomes a ter em conta no Cinema gaulês actual, tem uma interpretação segura e convincente. O facto de estar ladeada por bons secundários ajuda a dar corpo a esta história que nos dá a ver Versalhes a partir de alguém que viveu por dentro da corte, mas sem necessariamente colher os frutos dessa vida de luxo. Basta ver a forma como é tratada pela Rainha: de início pensamos que é quase uma confidente de Maria Antonieta, mas no final o papel muda completamente quando é preciso proteger certos interesses. «Adeus, Minha Rainha» consegue ser um bom filme de época sem cair em excessos, bastante comuns neste tipo de produções.
Classificação: 4/5
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