quinta-feira, 18 de outubro de 2012

De Tanto Bater o Meu Coração Parou, de Jacques Audiard (2005)

Para o seu quarto filme Jacques Audiard optou por realizar um remake de «Fingers» («Melodia para Um Assassino», no título em português, um filme do final dos anos 1970 realizado por James Toback e protagonizado por Harvey Keitel) e o resultado foi uma obra com os nervos à flor da pele, dominada por um jovem actor que na altura já estava a dar nas vistas, sobretudo depois de ter participado nesse hino ao programa Erasmus que é «A Residência Espanhola»: Roman Duris. Ao interpretar o papel de Thomas Seyr, um jovem que trabalha no ramo imobiliário (numa variante bastante original do sector, como podemos ver logo numa das cenas iniciais) a quem é dada uma segunda oportunidade para seguir uma das suas paixões, tocar piano, e tentar deixar a sua profissão, Duris conseguiu uma das melhores interpretações da sua carreira, provando que o actor não servia apenas para comédias e lhe garantiu várias nomeações para prémios, entre as quais a terceira nomeação para os prémios César, os Óscares franceses, e outra para o Prémio de Melhor Actor nos European Film Awards.

À semelhança da personagem principal, todo o filme vive e respira de acordo com o estado de espírito de Thomas, com a câmara mais nervosa nas cenas mais violentas (e neste filme a violência já tem mais espaço em comparação com o anterior «Nos Meus Lábios», onde já se começava a sentir este factor) e mais calma quando Thomas está rodeado pela música, seja quando está nas aulas de piano, seja quando está no carro ou na rua a ouvir as suas canções favoritas, geralmente mais ritmadas. A música (com Alexandre Desplat a assinar uma vez mais a banda sonora) ganha assim particular destaque e torna-se um elemento fundamental, como não podia deixar de ser, mais do que em qualquer outro filme de Audiard.

E é esta forma de filmar, aliada à já referida excelente interpretação de Roman Duris, que faz deste «De Tanto Bater o Meu Coração Parou» um dos melhores filmes do cineasta francês, apesar de ser um remake, e aquele onde a violência entra finalmente de rompante no universo de Audiard. Curiosamente, mesmo a violência sendo em algumas sequências um pouco mais forte e visual, o contraste com a música e o lado mais introspectivo de Thomas faz com que esta violência tenha ao mesmo tempo uma certa imagem mais poética, mais uma mais valia no filme.

Classificação: 4/5

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