segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Alvos, de Peter Bogdanovich (1968)

Corria o ano de 1968 quando o grande mestre Roger Corman, pai de uma não menos famosa geração de realizadores norte-americanos, convidou o então jovem jornalista Peter Bogdanovich para realizar um filme com Boris Karloff, actor que devia a Corman dois dias de trabalho, segundo reza a lenda contada pelo próprio Bogdanovich. Foi assim que nasceu «Alvos», o primeiro filme oficial de Peter Bogdanovich depois de uma outra longa-metragem, assinada com o nome de Derek Thomas e com o fantástico nome de «Voyage to the Planet of Prehistoric Women». Aceite o desafio, Bogdanovich escreveu uma história com a ajuda da então companheira Polly Platt e depois de uma revisão feita por Samuel Fuller o projecto «Alvos» lá avançou.

Filmado com poucos meios, como era hábito nestas produções, «Alvos» conta duas histórias em paralelo que se vão cruzar no final, numa sequência onde as personagens principais se confrontam num drive-in, o melhor cenário possível para um cineasta conhecido por ser também um dos maiores historiadores da Sétima Arte. E uma das histórias, a que é protagonizada por Karloff, acaba também por nos mostrar essa faceta de Bogdanovich, pois o homem que deu vida a Frankenstein interpreta aqui um popular actor de filmes de terror que decide reformar-se, o que acaba por surpreender todos à sua volta, que contavam com ele para pelo menos mais um filme, que apenas avançará com a sua presença. A segunda história de «Alvos», que serviu para complementar a presença obrigatória de Karloff, é a de Bobby Thompson (Tim O'Kelly), um jovem adepto de armas de fogo que resolve começar a matar pessoas aparentemente sem razão.

Com um orçamento de pouco mais de 125 mil dólares, Peter Bogdanovich conseguiu aqui uma estreia auspiciosa, que apesar de não ser uma excelente filme nos mostra como a escola de Corman funcionava, ao criar bons filmes com poucos meios. Neste caso concreto temos o recurso a um nome relativamente sonante, Boris Karloff, a utilização de poucos cenários, que em alguns casos serviam para cenas passadas em diferentes sítios, e até a filmagem em locais sem autorização, num estilo que se designa de cinema guerrilha e que foi utilizado nas sequências da auto-estrada. Esta boa estreia acabou por ajudá-lo a mais tarde realizar aquela que é, ainda hoje, a sua melhor obra e a mais conhecida: «A Última Sessão».

Classificação: 4/5

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