(crítica com spoilers)
Que ninguém sai inteiro de um filme de Brillante Mendoza não é grande novidade. Mas em «Captive» saímos um bocadinho mais inteiros do que nos anteriores filmes do cineasta filipino, apesar de alguma violência percorrer as duas horas deste filme, que relata o cativeiro de um grupo de reféns raptado por terroristas islâmicos. Não sabemos se os murros no estômago que estavam presentes nos últimos filmes de Brillante Mendoza, tanto o poético «Lola» como o mais duro «Kinatay», sobretudo este, foram suavizados devido ao facto de «Captive» ser uma co-produção com financiamento europeu ou não, mas o que é certo é que esta última obra do realizador não é tão forte como as duas anteriores, mesmo tocando situações sensíveis.
Filmado como se de um documentário ficcionado se tratasse, com uma câmara sempre nervosa, a mostrar a tensão do que se vive, «Captive» mostra-nos a dura realidade do cativeiro desde que o grupo é raptado até à sua libertação. Pelo meio há ainda tempo para reflectir sobre temas como o terrorismo e as suas ligações tanto à religião como às forças políticas. Mas o que falta a este filme em relação às duas anteriores obras do realizador, talvez as mais conhecidas, é precisamente essa dureza que fazia dos filmes de Mendoza quase como uma experiência.
Em «Captive» não há nada que nos prenda suficientemente à história ou nos leve a viver o que se passa com as personagens, como acontecia em «Lola» ou «Kinatay». Aqui estamos demasiado afastados do filme, mas talvez seja esse o objectivo, tal como é explicado nas legendas que aparecem no início e no final de «Captive», onde em traços gerais é descrita a situação dos raptos de pessoas nas Filipinas, que tiveram a sua génese precisamente no episódio que é relatado neste filme. Apesar da presença de uma certa violência, não só nas sequências mais previsíveis, como são as dos conflitos entre os terroristas e o exército ou milícias armadas, o filme poderia ter ido um bocado mais longe na exploração dos cenários, como a floresta onde decorre grande parte da acção, que não conseguem ser opressivos e falham em criar a sensação de que aquelas pessoas estão numa situação desesperante. Mesmo que todo o elenco tenha boas interpretações, «Captive» acaba por ser pouco satisfatório para quem estava à espera de algo mais à semelhança dos outros filmes de Brillante Mendoza.
Classificação: 3/5
«Captive» vai passar hoje, dia 9 de Outubro, às 22 horas no Cinema São Jorge, em Lisboa, e no dia 7 de Novembro às 21h45 no Cinema São Mamede, em Guimarães.
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