(Crítica com spoilers)
Depois de na década de 1980 ter assinado um punhado de bons argumentos para Cinema, o francês Jacques Audiard resolveu sentar-se na cadeira de realizador pela primeira vez quando corria o ano de 1994. Foi nessa altura que escreveu e realizou «Regarde Les Hommes Tomber», a sua obra de estreia, um estranho thriller que nos conta a história de Simon (Jean Yanne), um vendedor que está com o seu melhor amigo, um polícia, quando este é baleado e entra em coma. Depois deste acontecimento Simon resolve ir atrás dos autores dos disparos e entra numa espiral de confusão, deixando para trás familiares e emprego. Em simultâneo o filme retrata a história da relação entre dois homens, Marx (Jean-Louis Trintignant) e Johnny (Mathieu Kassovitz), que começou antes do trágico acontecimento e mais tarde sabemos que estiveram relacionados com o incidente que envolveu o amigo de Simon.
Mesmo com a ajuda de um bom naipe de actores, com destaque para os dois veteranos Yanne e Trintignant e o novato Kassovitz (que teve neste filme um dos seus primeiros grandes papéis no Cinema e uma excelente interpretação), e uma boa banda sonora, assinada por Alexandre Desplat, a estreia de Audiard não é de todo uma das melhores obras do cineasta gaulês. Ou pelo menos a mais acessível, apesar de ter sido reconhecida com a nomeação para alguns prémios, incluindo nos Césares (os Óscares franceses), onde o filme foi distinguido com três galardões, incluindo o de Melhor Primeira Obra.
Tal deve-se a uma certa fragmentação do argumento e à forma como a história se vai desenrolando, tornando o filme a espaços demasiado confuso. Mas, mais do que um thriller policial, diferente dos padrões normais do género, «Regarde Les Hommes Tomber» não deixa de ser um interessante estudo sobre a personalidade de três personagens bastante complexas, cada uma com as suas motivações que as levam a ter as acções que tomaram em determinadas situações. É este o ponto forte da estreia de Jacques Audiard, que mais tarde viria a explorar bastante bem este tipo de personagens, mas focando-se apenas sobretudo numa só personagem, como foi o caso dos filmes seguintes: «Um Herói Muito Discreto», «De Tanto Bater o Meu Coração Parou» e «Um Profeta».
Classificação: 3/5
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