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segunda-feira, 10 de junho de 2013

Leitura recomendada: o trabalho de arte de «Blade Runner»


Para os fãs da ficção científica mais séria «Blade Runner - Perigo Iminente» é considerado como um dos grandes clássicos do género. Realizado em 1982 por Ridley Scott a partir de uma novela de Philip K. Dick («Do Androids Dream of Electric Sheep?»), é um dos grandes filmes de culto da década de 1980, de tal forma que há várias versões do filme, todas reunidas em edições especiais do filme que foram saindo ao longo dos últimos anos. Na altura da estreia da primeira versão chegou aos escaparates um pequeno livrinho com imagens do trabalho de arte do filme, onde se pode ver a génese do projecto de Ridley Scott antes de chegar ao grande ecrã. Apesar de ser difícil de encontrar a versão em papel, alguém se lembrou de colocar on-line uma versão digital de «Blade Runner Sketchbook», que pode ser visualizada aqui. Um pequeno brinde para os fãs de um dos melhores filmes de ficção científica de sempre e de toda a obra de Ridley Scott.
Via Open Culture

segunda-feira, 27 de maio de 2013

O Grande Gatsby, de Baz Luhrmann (2013)

É fácil embirrar com um filme como «O Grande Gatsby», a versão de Baz Luhrmann do clássico escrito por Francis Scott Fitzgerald considerado por muitos como um dos grandes livros sobre o período dos loucos anos 20 do século passado e uma das principais obras da literatura norte-americana. Tal como fizera com «Romeu e Julieta», o realizador australiano continua a dar a volta às regras do jogo e recria o material de origem à sua maneira, com um estilo bastante peculiar. Se na versão da peça de Shakespeare Luhrmann traz a tragédia do bardo inglês para os dias de hoje, desta vez a acção permanece no período dos anos 1920 originais, mas, como é apanágio do cineasta, com alguns elementos estranhos à tal época. Um desses elementos é a banda sonora, onde as loucas festas por onde andam as principais personagens de «O Grande Gatsby» deixam de ter a música de época, substituída por ritmos mais actuais, com algum pendor nos ritmos hip hop.

Baz Luhrmann já tinha feito algumas 'experiências' musicais anteriormente em «Moulin Rouge», mas nesse caso o estranho até se entranha. Em «O Grande Gatsby», pelo contrário, a banda sonora acaba por não funcionar de todo e tem o efeito contrário, provocando até algum efeito de distracção que não é sequer suficiente para esconder o que o filme é: um objecto oco, onde a revisitação da obra de Fitzgerald, mesmo que seja adaptada de forma bastante fiel, é uma pálida versão do original. Numa das sequências, a festa no apartamento de Nova Iorque onde Tom se encontra com a amante, chegamos mesmo a temer começar a ouvir os acordes de «Harlem Shake», um dos fenómenos virais mais recentes.

O resto é puro estilo Luhrmann: muita cor a invadir o ecrã por todos os lados (até percebemos que se pretenda enfatizar esse lado mais excêntrico da personagem de Gatsby e das suas loucas festas, mas a partir de certa altura começa a enjoar) e pouco se entra dentro das personagens que passam pelo universo da genial obra de Fitzgerald, onde estaria o grande desafio de adaptar um livro destes. E se há livros com personagens interessantes para explorar, logo a começar pela que dá título ao livro, «O Grande Gatsby» é um desses livros. Pena que nem Leonardo DiCaprio, que podia ter sido uma boa escolha para interpretar o papel de Gatsby, consiga uma interpretação à altura de outras que conseguiu recentemente, optando por um estilo demasiado exagerado para dar vida à personagem.

Em suma, se tivéssemos de escolher uma frase para definir «O Grande Gatsby» segundo Baz Luhrmann optaríamos pelo ditado popular «muita parra e pouca uva». Mas preferimos deixar um conselho de amigo: se tiver oportunidade leia o livro, a experiência será muito melhor.

Classificação: 2/5

sábado, 30 de março de 2013

Quando o Cinema chegou a Macondo

A aldeia de Macondo não existe, a não ser na mente do escritor colombiano Gabriel García Marquez que inventou o pequeno povoado onde decorre a acção de «Cem Anos de Solidão», o delicioso livro por onde me 'perdi' durante os últimos dias de chuva. Numa das suas passagens, que transcrevo a seguir, é descrita a forma como o Cinema foi recebido na pequena localidade, pouco depois de o recém-chegado comboio ter trazido electricidade a Macondo. E a descrição deste acontecimento, como muitos outros no livro, é fabulosa, ao relatar a surpresa e o espanto que esta nova arte provocou nos habitantes da aldeia. (o resto do livro também é fantástico, mas esta passagem merece ser partilhada por aqui).

«(...) Indignaram-se com as imagens vivas que o próspero comerciante Bruno Crespi projectava no teatro com bilheteiras em forma de boca de leão, porque um personagem morto e enterrado no filme, por cuja desgraça se choraram lágrimas de aflição, reapareceu vivo e transformado em árabe no filme seguinte. O público, que pagava dois centavos para participar das desventuras dos personagens, não pôde suportar aquela fraude inaudita e partiu as cadeiras da sala. O alcaide, instado por Dom Bruno Crespi, explicou num édito que o cinema era uma máquina de ilusões que não merecia as reacções passionais do público. Ao ouvirem aquela explicação desencorajadora, muitos acharam que tinham sido vítimas de um novo e aparatoso truque de ciganos, de modo que optaram por não voltar ao cinema, concluindo que já tinham o suficiente com as suas próprias dores para chorar pelas desventuras fingidas de seres imaginários. (...)»

in «Cem Anos de Solidão», de Gabriel García Marquez