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terça-feira, 30 de outubro de 2012

Assim se trata o Cinema em Portugal

Duas péssimas notícias surgiram hoje sobre dois dos principais meios de divulgação do Cinema em Portugal. A Norte, o director do Fantasporto, Mário Dorminsky, lançou um apelo, via Facebook, a todos os fãs de um dos principais e mais antigos festivais de cinema em Portugal para ajudarem o Fantas a garantir a sua sustentabilidade do evento. Mais a Sul, a Cinemateca Portuguesa apresentou hoje o seu programa mensal, relativo ao mês de Novembro, com uma diferença: desta vez o programa apenas estará disponível para consulta em versão digital, no site da Cinemateca, em vez da habitual versão em papel. Sobre esta decisão a Cinemateca colocou a seguinte nota na capa do programa: «Em cumprimento do Despacho do Senhor Ministro de Estado e das Finanças, de 12 de setembro, vimo-nos obrigados a suspender a impressão do Jornal Cinemateca deste mês.»

Duas notícias que vêm assombrar, ainda mais, o mundo da Cultura em Portugal. Neste caso concreto o Cinema, a paixão que une o autor deste espaço e muitos dos que por aqui passam enquanto leitores. Entretanto parece que toda a gente está preocupada com a nova trilogia da «Guerra da Estrelas», anunciada hoje depois de se saber que George Lucas resolveu vender a LucasFilm à Disney por uns trocos (3 mil milhões de euros, coisa pouca). Que a força esteja com o Fantasporto e com a Cinemateca Portuguesa, é tudo o que deste lado se deseja a estas duas grandes instituições que se dedicam a mostrar Cinema em Portugal e que merecem todo o nosso apoio enquanto cinéfilos que ainda sonhamos com espaços onde seja possível continuar ver filmes em sala, seja em que condições for ou em que lugar for.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

E o Cinema Mudo, esqueceram-se?

Foi hoje apresentado o muito falado Plano Nacional de Cinema, uma iniciativa da Secretaria de Estado da Cultura e do Ministério da Educação e da Ciência cujos principais objectivos serão promover a formação de novos públicos e combater a iliteracia em relação ao Cinema. Não pretendo com este post criticar ou não o mérito da iniciativa, à qual desejo os melhores resultados pois toda e qualquer iniciativa destinada a incentivar os mais novos a gostarem de Arte, seja ela qual for, é bem-vinda. Mas neste caso concreto, no qual vão participar numa espécie de ano-piloto 23 escolas espalhadas pelo país, a lista suscita desde já algumas dúvidas, a começar por uma.

Se o objectivo é incentivar a descoberta do Cinema (ainda não consegui perceber em que moldes e se os filmes vão ser apenas projectados ou também discutidos e apresentados, para que os espectadores saibam pelo menos o contexto em que foram feitos ou a sua importância para estarem no dito Plano) onde está o Cinema Mudo? Aparentemente deste período os autores das escolhas apenas conhecem Chaplin, Mélies, Manoel de Oliveira e um documentário de Aurélio Paz dos Reis, um dos pioneiros do Cinema em Portugal. Tudo o resto, desde Keaton a Griffith, passando pelo expressionismo alemão ao cinema soviético, para focar apenas géneros mais importantes deste período, ficou na gaveta.

Já para não falar que não há um único exemplo do cinema italiano do pós-guerra, nomeadamente o neo-realismo, e mesmo os exemplos do cinema clássico norte-americano são escassos. Destaca-se contudo a presença de obras portuguesas, que estão em grande maioria e bem representadas. Mas se é com esta lista que pretendem levar os mais novos a gostar da Sétima Arte, temo que o efeito não será alcançado. Depois deste pequeno desabafo, resta deixar-vos a lista completa dos filmes presentes no plano:

(texto actualizado com a referência a Manoel de Oliveira na lista dos autores de filmes mudos)

"Estória do Gato e da Lua", de Pedro Serrazina (Potugal, 1995)
"O Estranho Mundo de Jack", de Henry Selick (EUA, 1993)
"A Bola", de Orlando Mesquita Lima (Moçambique, 2001)
"Com Quase Nada", de Margarida Cardoso e Carlos Barroco (Portugal e Cabo Verde, 2000)
"Aniki-Bobó", de Manoel de Oliveira (Portugal, 1942)
"As coisas lá de Casa", de José Miguel Ribeiro (Portugal, 2003)
"O Garoto de Charlot", de Charles Chaplin (EUA, 1921)
"ET, o Extraterrestre", de Steven Spielberg (EUA, 1982)
"Diz-me Onde Fica a Casa do Meu Amigo", de Abbas Kiarostami (Irão, 1987)
"História Trágica com Final Feliz", de Regina Pessoa (Portugal, 2005)
"A Noiva Cadáver", de Tim Burton (EUA, 2005)
"Saída de Pessoal Operário da Camisaria Confiança", de Aurélio da Paz dos Reis (Portugal, 1896)
"A Invenção de Hugo", de Martin Scorsese (EUA, 2011)
"Serenata à Chuva", de Stanley Donen (EUA, 1952)
"Shane", de George Stevens (EUA, 1953)
"Adeus, Pai", de Luís Filipe Rocha (Portugal, 1996)
"Eduardo, Mãos de Tesoura", de Tim Burton (EUA, 1990)
"Romeu + Julieta", de Baz Luhrman (EUA, 1996)
"A Suspeita", de José Miguel Ribeiro (Portugal, 1999)
"O Barão", de Edgar Pêra (Portugal, 2011)
"Um Outro País", de Sérgio Tréfault (Portugal, 1999)
"Persepolis", de Marjane Satrapi e Vicent Paronnaud (França, 2004)
"A Noite", de Regina Pessoa (Portugal, 1999)
"Douro, Faina Fluvial", de Manoel de Oliveira (Portugal, 1931)
"Jaime", de António Reis (Portugal, 1974)
"Rafa", de João Salaviza (Portugal, 2012)
"Luzes na Cidade", de Charles Chaplin (EUA, 1931)
"Os 400 Golpes", de François Truffaut (França, 1959)
"Senhor X", de Gonçalo Galvão Teles (Portugal, 2010)
"A Esquiva", de Abdelatlif Kechiche (França, 2004)
"Belarmino", de Fernando Lopes (Portugal, 1964)
"Fado Lusitano", de Abi Feijó (Portugal, 1995)
"Os Respigadores e a Respigadora", de Agnès Varda (França, 2000)
"Viagem à Lua", de Georges Méliès (França, 1902)
"Os Salteadores", de Abi Feijó (Portugal, 1993)
"A Cortina Rasgada", de Alfred Hitchcock (EUA, 1966)