quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Os nossos enviados a Veneza (e algumas recomendações para o festival)

Arranca hoje a 69ª edição do Festival de Veneza, cidade que durante os próximos 11 dias será a capital mundial do Cinema. Nesta edição daquele que é considerado um dos três principais festivais de Cinema do mundo, a par de Berlim e Cannes, Portugal está representado com dois filmes e uma co-produção: «O Gebo e a Sombra», o mais recente filme de Manoel de Oliveira, fora de competição, a curta-metragem «North Atlantic», de Bernardo Nascimento, que vai ser uma das obras presentes na final da primeira edição do Your Film Festival, e «Linhas de Wellington», o último projecto de Raul Ruiz, co-produzido por Paulo Branco, que foi concluído pela esposa do cineasta chileno, Valeria Sarmiento, após a sua morte. Este último está presente na secção de competição.

«O Gebo e a Sombra»
Manoel de Oliveira

Reunindo um elenco de luxo, que conta com nomes como Jeanne Moreau, Claudia Cardinale e Michael Lonsdale, além dos já habituais Ricardo Trêpa, Leonor Silveira ou Luis Miguel Cintra, «O Gebo e a Sombra» marca o regresso do realizador mais velho em actividade. Baseado numa peça de teatro de Raúl Brandão, adaptada aos dias de hoje, onde o tema principal é a pobreza. Sobre esta peça Oliveira afirma que esta é uma «facilmente adaptável à situação actual, tanto ética como economicamente, sem quaisquer preconceitos. Pelo contrário, continua contemporânea e universal».

«North Atlantic»
Bernardo Nascimento

A curta-metragem de Bernardo Nascimento não faz parte do programa oficial de Veneza, mas integra uma das mais curiosas iniciativas paralelas do certame. Depois de ter sido um dos 10 filmes mais votado numa competição organizada pelo YouTube em parceria com Ridley Scott, «North Atlantic» vai ter direito a uma projecção durante o festival e se for considerada por um júri liderado pelo realizador britânico como a melhor curta vai ter direito a um prémio de luxo: a oportunidade de realizar uma longa-metragem, produzida por Scott, com um orçamento de 500 mil dólares.

«Linhas de Wellington»
Valeria Sarmiento

«Linhas de Wellington» foi o último projecto que contou com a participação de Raul Ruiz, o realizador chileno que adaptou ao grande ecrã magistralmente a obra «Mistérios de Lisboa», de Camilo Castelo Branco. Após a morte do cineasta a sua viúva Valeria Sarmiento resolveu pôr mãos à obra para continuar o filme, numa co-produção luso-francesa. Tal como em «Mistérios de Lisboa», este filme leva-nos numa viagem ao passado de Portugal para retratar a época das invasões francesas e o esforço do general britânico Wellington para travar os exércitos de Napoleão. Se «Linhas de Wellington» está à altura de «Mistérios de Lisboa», será algo a confirmar no próximo dia 4, quando o filme for apresentado pela primeira vez ao público.

Outros destaques


Além da presença portuguesa, o Festival de Veneza conta com grandes nomes, tanto na secção de Competição como Fora de Competição. Este ano não é excepção e fica marcado pelo regresso de grandes nomes, dos quais se destacam estes.

(nota: estas escolhas baseiam-se no meu conhecimento dos realizadores das obras presentes no festival. Há decerto outros filmes que mereciam destaque, mas basicamente este foi o critério)

Filme de Abertura:

«The Reluctant Fundamentalist», de Mira Nair (EUA/Qatar)


Competition:


«To the Wonder», de Terrence Malick (EUA)



«Something in the Air», de Olivier Assayas (França)




«Outrage: Beyond», de Takeshi Kitano (Japão)




«Pieta», de Kim Ki-duk (Coreia do Sul)



«The Master», de Paul Thomas Anderson (EUA)



«Dormant Beauty», de Marco Bellocchio (Itália)



«Passion», de Brian De Palma (França/Alemanha)



«Thy Womb», de Brillante Mendoza (Filipinas)


«Spring Breakers», de Harmony Korine (EUA)

Out of Competition:



«Love Is All You Need», de Susanne Bier (Dinamarca/Suécia)



«Enzo Avitabile Music Life», de Jonathan Demme (Itália/EUA)



«Lullaby to My Father», de Amos Gitai (Israel/França)



«Bad 25», de Spike Lee (EUA)



«The Company You Keep», de Robert Redford (EUA)

Horizons:



«The Millennial Rapture», de Koji Wakamatsu (Japão)

«80!»



«Ahora Te Vamos a Llamar Hermano», de Raoul Ruiz (Chile, 1971)



«Stress-es Tres-Tres», de Carlos Saura (Espanha, 1968)

Venice Classics:



Fanny Och Alexander, de Ingmar Bergman (Suécia, 1982)



«Heaven's Gate», de Michael Cimino (EUA, 1980)



«The Ghost and Mrs. Muir», de Joseph L. Mankiewicz (EUA, 1947)



«The Gentlemen Prefer Blondes», de Howard Hawks (EUA, 1953)



«Porcile», de Pier Paolo Pasolini (Itália, 1969)



Stromboli, Terra Di Dio, de Roberto Rossellini (Itália, 1950)



«Campanadas a Medianoche», de Orson Welles (Espanha, 1965)


«Sunset Boulevard», de Billy Wilder (EUA, 1950)

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