segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Moonrise Kingdom, de Wes Anderson (2012)

Que melhor forma de começar oficialmente um novo blogue do que escrever um texto sobre um filme de um dos nossos realizadores favoritos. Tal como eu estou a regressar a estas lides, quem regressou recentemente ao Cinema foi Wes Anderson, aquele que considero ser um dos melhores realizadores norte-americanos da actualidade. Muitos criticam o texano por fazer sempre o mesmo tipo de filmes, devido a características comuns entre eles, nomeadamente a presença de famílias disfuncionais ou os cenários que nos remetem para espaços que tanto podem ser actuais como tirados de épocas anteriores. Mas se há quem considere estes pontos fracos, para mim é aqui que reside a força do universo de Anderson. Quantos realizadores da actualidade se podem gabar de ter um universo próprio, que faz com que nós identifiquemos de imediato de quem é um determinado filme, apenas ao ver o início do filme?

E uma vez mais é isso que podemos esperar de «Moonrise Kingdom», uma história de amor juvenil entre Sam (Jared Gilman), um órfão escuteiro que resolve fugir do acampamento para ir ter com o seu grande amor, Suzy (Kara Hayward), a filha de um casal de advogados à beira de um ataque de nervos (interpretados por Bill Murray e Frances McDormand) que também se sente inadaptada naquele mundo. A fuga de ambos coloca em polvorosa a ilha onde decorre a acção e ninguém fica de fora das operações de busca, com as consequências que isso trará para toda a comunidade.

Apesar de não estar rodeado pelos actores que já fazem parte da 'família'de Anderson, com excepção do já citado Bill Murray ou Jason Schwartzman, é sempre um prazer regressar ao universo deste realizador. No elenco o maior destaque, para além da dupla protagonista, terá de ir para dois estreantes nos filmes de Anderson: Edward Norton, fabuloso no papel do chefe do grupo de escuteiros que vê partir o seu rebelde apaixonado, e Bruce Willis, bem longe dos seus papéis tradicionais de herói de acção. Uma vez mais também a música tem um papel fundamental na obra do cineasta, que substituiu o colaborador habitual Mark Mothersbaugh por Alexandre Desplat, sem contudo se sair mal com a troca. Os créditos finais, onde ouvimos os jovens protagonistas a explicar-nos os segredos da composição que estamos a ouvir, são simplesmente divinais, apesar de a ideia não ser original, como ouvimos logo no arranque do filme.

«Moonrise Kingdom» não é apenas um regresso ao universo de Wes Anderson, é também um regresso à juventude e à pureza dos primeiros amores. Onde fugir para ir ao encontro do alvo da nossa paixão pode ser tão simples como, digamos, bater palmas. E quem não lhe apeteceu voltar à juventude depois de ver «Moonrise Kingdom» precisa urgentemente de recordar o seu primeiro amor e os tempos de juventude, onde as maiores preocupações eram coisas como andar de bicicleta com os amigos ou saber se a rapariga que se sentava à nossa frente na sala de aula queria ou não namorar connosco. Só por isso, vale a pena dizer: bem-vindo de volta, Senhor Anderson.

Classificação: 4/5

4 comentários:

  1. Anderson tem valido sempre a pena, também acho que é um aspecto positivo o seu forte cunho pessoal em todos os seus filmes.

    Este para já está na lista de predilectos do ano e já agora que bom ver Norton novamente num bom filme :)

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  2. Belíssimo filme. Conheço pouco de Wes Anderson, mas do pouco que conheço gosto bastante. Deste em particular adorei, toda a filmagem em si, os planos meticulosamente enquadrados, que falam por si, a banda-sonora exímia em alguns momentos, bem como o argumento muito bom a balançar entre um drama/comédia mais ligeiro e uma comédia/drama mais negra e adulta. Muito boa a experiência pelos meandros de Wes Anderson (que persistem até nos créditos finais).

    Cumprimentos,
    Jorge Teixeira
    Caminho Largo

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    1. Bem-vindo caro Jorge.

      Sem dúvida. Anderson é um dos realizadores favoritos por estes lados e este era um dos filmes mais aguardados do ano. Não defraudou as expectativas, pois é fabuloso do início ao fim. E se conheces pouco o Anderson, é um realizador a descobrir.

      Cumprimentos

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  3. Não há palavras para descrever este universo bastante pessoal e original do texano.

    Gostei bastante do Norton aqui e também me surpreendeu pela positiva no Legado de Bourne, apesar de não ter apreciado tanto este último filme.

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