quinta-feira, 28 de março de 2013

Sete Psicopatas, de Martin McDonagh (2012)

Quando estreou a sua primeira obra, o fabuloso «Em Bruges», Martin McDonagh provou ser dono de um refinado humor negro. Quatro anos depois o realizador britânico regressou e trouxe consigo uma dose ainda maior desse humor negríssimo, tão ao gosto das terras de sua majestade. Tal como o seu filme anterior, «Sete Psicopatas» conta com a presença de Colin Farrell no papel principal, mas como brinde o cineasta conseguiu ainda reunir um elenco de luxo onde encontramos nomes como Sam Rockwell, Christopher Walken ou Woody Harrelson, para referir apenas os nomes mais sonantes. Podíamos ainda acrescentar os nomes de Michael Pitt, Harry Dean Stanton ou Tom Waits, mas o texto acabaria por se tornar chato.

E chato não é um bom adjectivo para definir «Sete Psicopatas», a história de Marty (Farrell), um argumentista com problemas de álcool que está com dificuldades para escrever o seu próximo filme, chamado precisamente «Sete Psicopatas». É aqui que entra em cena o seu melhor amigo Billy (Rockwell), que se oferece para o ajudar a escrever o argumento. Acontece que Billy é um fura vidas que neste momento se dedica à lucrativa actividade de rapto de cães, animais que rapta para depois entregar aos seus donos e assim receber a recompensa. O negócio começa a dar para o torto quando Billy e o seu comparsa Hans (Walken) raptam o animal de estimação de Charlie (Harrelson), um gangster mau como as cobras que faz tudo para recuperar o seu cão e coloca a dupla em apuros. O pobre Marty acaba por se ver metido no meio desta embrulhada, mas a experiência acaba por ser útil na escrita do seu argumento.

No fundo «Sete Psicopatas» entra naquele género de filmes que costuma ser designado de «filme dentro do filme». À medida que a acção avança vamos travando conhecimento com a história dos sete psicopatas que serão depois as personagens do argumento de Marty. E aqui há personagens para todos os gostos: reais ou imaginárias, sempre dentro do universo do filme de Martin McDonagh. O resultado final acaba por ser uma comédia negra, que aponta em todas as direcções, e irá agradar aos amantes deste tipo de humor. Mesmo que à partida o argumento possa parecer confuso (e com tantas reviravoltas e personagens a entrar e sair do ecrã havia esse enorme risco), «Sete Psicopatas» consegue chegar incólume ao final, com todas as pontas soltas a ganharem sentido até ao arranque dos créditos finais. E com excelentes interpretações, sobretudo as de Rockwell, Walken (como há muito não o víamos) e Harrelson, que fazem deste um dos melhores filmes a chegar às salas portuguesas em 2013. E atenção às inúmeras referências cinéfilas que vão surgindo ao longo do filme.

Classificação: 4/5

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