domingo, 23 de dezembro de 2012

O Hobbit: Uma Viagem Inesperada, de Peter Jackson (2012)

Quando Peter Jackson se lembrou de pôr mãos à obra e transportar o universo de «O Senhor dos Anéis» para o grande ecrã muitos duvidaram da possibilidade de sucesso da façanha. O certo é que a aposta deu resultado e o neozelandês conseguiu levar a bom porto tamanha aventura, criando uma das mais memoráveis trilogias do Cinema. Goste-se ou não. Uma década depois da estreia do primeiro capítulo da saga, «A Irmandade do Anel», o autor de «Braindead» voltou à carga para adaptar «O Hobbit». «O Hobbit: Uma Viagem Inesperada» é assim o primeiro de uma trilogia cinematográfica dedicada ao livro que funciona como prequela às aventuras de Frodo, Aragorn e companhia.

A maior parte dos protagonistas da primeira trilogia está de fora, apesar de uma pequena aparição de Frodo logo no início do filme. Em «O Hobbit», cuja acção decorre 60 anos antes do primeiro tomo de «O Senhor dos Anéis», o herói da história é Bilbo (Martin Freeman) que sem saber bem como vai parar ao meio de uma aventura na companhia do carismático Gandalf (Ian McKellen) e de 13 anões (a raça de guerreiros mais dura e divertida do universo de Tolkien) que pretendem reaver o seu lar: uma montanha que agora está na posse do temível dragão Smaug. Pelo meio Bilbo encontra um misterioso anel que irá depois estar no centro da trilogia «O Senhor dos Anéis».

Se Peter Jackson tinha arriscado demasiado quando se lembrou de avançar com o projecto da primeira trilogia, desta vez o risco foi outro: esticar um livro muito mais pequeno do que qualquer um dos três volumes de «O Senhor dos Anéis» para três filmes. Se o cineasta ganhou ou não a aposta, isso é algo que só saberemos em 2014, quando estrear o terceiro filme. Mas pelo menos «O Hobbit: Uma Viagem Inesperada» é um filme que irá agradar à maioria dos fãs da primeira trilogia. O efeito surpresa dos três primeiros filmes já não existe, é certo, mas quem gostou deles não sairá defraudado do filme. Apesar de o tom ser um pouco diferente  e leve (não nos podemos esquecer que «O Hobbit», o livro, era uma obra mais infanto-juvenil do que a trilogia dos anéis), o universo de Tolkien recriado por Jackson volta a ser deliciosamente belo, com cenários sumptuosos e criaturas que ganham vida como se existissem de facto, graças às tecnologias bem utilizadas para esse fim e o que fará desta trilogia uma séria candidata a arrebatar tudo o que forem Óscares de categorias técnicas durante os próximos anos, tal como tinha acontecido com os anteriores três filmes. (nota: a sessão a que assisti foi em 2D nos tradicionais 24 frames por segundo, por isso não me posso alargar na questão dos 3D a 48 frames por segundo)

Dito isto e para terminar, «O Hobbit: Uma Viagem Inesperada» é um filme que apenas irá cativar os fãs da primeira trilogia realizada por Peter Jackson. Quem se deixou apaixonar por aqueles primeiros filmes não terá problemas em regressar à Terra Média. Mesmo tendo em conta a possibilidade de ficar entediado pelo alargamento do livro a três filmes, esse alargamento não me pareceu assim tão exagerado quando algumas críticas têm apontado, até porque o filme não tem assim tantos tempos mortos quanto isso. Já quem não apreciou a primeira saga, penso que não valerá a pena arriscar, pois se não gostou da primeira vez, dificilmente gostará de repetir a dose. Por aqui, não demos o tempo por mal empregue.

Classificação: 4/5

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