quinta-feira, 31 de janeiro de 2013
quarta-feira, 30 de janeiro de 2013
Duetos cinéfilos #3
Filme: O Amor é um Lugar Estranho (Sofia Coppola)
domingo, 27 de janeiro de 2013
Django Libertado, de Quentin Tarantino (2012)
Chegamos ao início de 2013 com a estreia de um dos filmes mais aguardados por muito boa gente. Ao nono filme Quentin Tarantino resolveu fazer o que melhor sabe e atirar-se de cabeça a mais um dos seus géneros favoritos. Desta vez a escolha foi o western mas, ao contrário do que muitos pensaram, o novo filme de Quentin Tarantino não é uma homenagem apenas aos western spaghettis de culto, apesar de as influências também estarem por lá para quem quiser ir à procura delas. A começar logo pelo título: «Django Libertado». Arriscaria mesmo dizer que tem mais de spaghetti (salvo seja) a brilhante sequência inicial de «Sacanas Sem Lei» do que todo o «Django Libertado».
A história do novo filme do autor de «Pulp Fiction» é simples e conta-se em poucas linhas. Depois de ser libertado pelo dentista/caçador de prémios Dr. King Schultz (Christoph Waltz) o escravo Django (Jamie Foxx) junta esforços ao seu novo amigo para ir à procura da sua esposa e tentar libertá-la do destino da escravidão, assunto que acabou por se tornar um dos temas fortes e mais polémicos do filme quando se fala dele. E se o realizador tem sido criticado pela forma como abordou este tema sensível há uma frase dita por Django, quase que profetizando essas mesmas críticas, que talvez justifique o ódio e as críticas que o filme tem gerado, quando às tantas a personagem principal do filme diz ao vilão de serviço que já está habituado aos costumes dos americanos à época, por isso não se sente tão chocado quanto o seu comparsa alemão, talvez habituado a costumes mais civilizados. Quiçá esta ferroada no orgulho americano tenha doído tanto a alguns que gostam de limpar a História para debaixo do tapete.
Mas o que Tarantino nos mostra é sobretudo a senda deste par de anti-heróis ao longo de quase três horas que não pesam tanto quanto isso. E o que é «Django Libertado»? Tudo aquilo que seria de esperar de um western feito por Quentin Tarantino: violência a rodos (não se percebe o porquê de tanto alarido em relação a este elemento do filme, quando a violência é algo que sempre fez parte do universo de Tarantino), sequências bem filmadas (a morte dos Brittle ou o massacre em casa de Calvin Candie, são dois dos exemplos maiores), personagens marcantes (sobretudo os três secundários: o já referido Dr. King Schultz, Stephen e Calvin Candie, interpretados por Samuel L. Jackson e Leonardo DiCaprio, respectivamente) e diálogos com frases que ficam na memória.
Contudo, «Django Libertado» não é um filme perfeito e está longe do melhor que Tarantino já nos deu. A começar por uma personagem principal que acaba por ser um pouco abafada pelo elenco secundário e não tem o carisma de, por exemplo, A Noiva de «Kill Bill», para referir um filme do cineasta com algumas semelhanças em relação a este western. Por muito que se tenha esforçado Jamie Foxx não consegue estar à altura de Christoph Waltz, que surge num registo bastante parecido ao anterior Hans Landa de «Sacanas Sem Lei», e muito menos de DiCaprio, um dos grandes injustiçados nas nomeações aos Óscares deste ano (o que será que falta ao actor fazer para cair nas boas graças da Academia?), que criou um dos vilões mais bem conseguidos da obra de Tarantino.
E depois temos alguns elementos que parecem um bocado fora do baralho, desde a sequência da perseguição dos encapuçados ao duo protagonista (tem piada, é certo, mas é um autêntico OVNI dentro do filme, no sentido em que o tom de comédia pura destoa um bocado de tudo o resto, e bem podia ter ficado na sala de montagem à espera de ser incluído como extra na previsível edição em DVD do filme) à utilização de hip hop numa das cenas capitais do filme, que sem som ficaria excelente, se não mesmo perfeita: a sequência final do massacre em casa de Calvin Candie (não é preciso ir mais longe, Sam Peckimpah fez algo semelhante em «A Quadrilha Selvagem» e com um resultado muito melhor). Por fim, o cameo de Quentin Tarantino é um pouco sofrível, que desta vez deveria ter ficado apenas atrás das câmaras.
Dito isto e para concluir um texto que já vai longo, «Django Libertado» é um filme que todos os fãs do cinema de Tarantino vão gostar, mas não deixa de ser mais do mesmo. Um filme competente, não há dúvidas em relação a isso, e uma boa homenagem a um determinado género, mas que muito provavelmente apenas irá agradar a 100 por cento aos que, como alguém disse há alguns anos e foi bastante criticado por causa disso, acreditam ou pensam que o Cinema nasceu com o autor de «Cães Danados». Não começou e há muito para conhecer antes dele. Mas se um filme como «Django Libertado» servir para estes cinéfilos irem atrás de um dos géneros históricos do cinema norte-americano, que tem centenas de obras à espera de serem (re)descobertas (este meu post de ontem, escrito um bocado a quente no final da visualização do filme de Tarantino, contém muito poucos exemplos), já é muito bom. E enquanto divertimento, mesmo partindo de um tema muito sério e pesado, «Django Libertado» também não vai nada mal.
Nota:3/5
A história do novo filme do autor de «Pulp Fiction» é simples e conta-se em poucas linhas. Depois de ser libertado pelo dentista/caçador de prémios Dr. King Schultz (Christoph Waltz) o escravo Django (Jamie Foxx) junta esforços ao seu novo amigo para ir à procura da sua esposa e tentar libertá-la do destino da escravidão, assunto que acabou por se tornar um dos temas fortes e mais polémicos do filme quando se fala dele. E se o realizador tem sido criticado pela forma como abordou este tema sensível há uma frase dita por Django, quase que profetizando essas mesmas críticas, que talvez justifique o ódio e as críticas que o filme tem gerado, quando às tantas a personagem principal do filme diz ao vilão de serviço que já está habituado aos costumes dos americanos à época, por isso não se sente tão chocado quanto o seu comparsa alemão, talvez habituado a costumes mais civilizados. Quiçá esta ferroada no orgulho americano tenha doído tanto a alguns que gostam de limpar a História para debaixo do tapete.
Mas o que Tarantino nos mostra é sobretudo a senda deste par de anti-heróis ao longo de quase três horas que não pesam tanto quanto isso. E o que é «Django Libertado»? Tudo aquilo que seria de esperar de um western feito por Quentin Tarantino: violência a rodos (não se percebe o porquê de tanto alarido em relação a este elemento do filme, quando a violência é algo que sempre fez parte do universo de Tarantino), sequências bem filmadas (a morte dos Brittle ou o massacre em casa de Calvin Candie, são dois dos exemplos maiores), personagens marcantes (sobretudo os três secundários: o já referido Dr. King Schultz, Stephen e Calvin Candie, interpretados por Samuel L. Jackson e Leonardo DiCaprio, respectivamente) e diálogos com frases que ficam na memória.
Contudo, «Django Libertado» não é um filme perfeito e está longe do melhor que Tarantino já nos deu. A começar por uma personagem principal que acaba por ser um pouco abafada pelo elenco secundário e não tem o carisma de, por exemplo, A Noiva de «Kill Bill», para referir um filme do cineasta com algumas semelhanças em relação a este western. Por muito que se tenha esforçado Jamie Foxx não consegue estar à altura de Christoph Waltz, que surge num registo bastante parecido ao anterior Hans Landa de «Sacanas Sem Lei», e muito menos de DiCaprio, um dos grandes injustiçados nas nomeações aos Óscares deste ano (o que será que falta ao actor fazer para cair nas boas graças da Academia?), que criou um dos vilões mais bem conseguidos da obra de Tarantino.
E depois temos alguns elementos que parecem um bocado fora do baralho, desde a sequência da perseguição dos encapuçados ao duo protagonista (tem piada, é certo, mas é um autêntico OVNI dentro do filme, no sentido em que o tom de comédia pura destoa um bocado de tudo o resto, e bem podia ter ficado na sala de montagem à espera de ser incluído como extra na previsível edição em DVD do filme) à utilização de hip hop numa das cenas capitais do filme, que sem som ficaria excelente, se não mesmo perfeita: a sequência final do massacre em casa de Calvin Candie (não é preciso ir mais longe, Sam Peckimpah fez algo semelhante em «A Quadrilha Selvagem» e com um resultado muito melhor). Por fim, o cameo de Quentin Tarantino é um pouco sofrível, que desta vez deveria ter ficado apenas atrás das câmaras.
Dito isto e para concluir um texto que já vai longo, «Django Libertado» é um filme que todos os fãs do cinema de Tarantino vão gostar, mas não deixa de ser mais do mesmo. Um filme competente, não há dúvidas em relação a isso, e uma boa homenagem a um determinado género, mas que muito provavelmente apenas irá agradar a 100 por cento aos que, como alguém disse há alguns anos e foi bastante criticado por causa disso, acreditam ou pensam que o Cinema nasceu com o autor de «Cães Danados». Não começou e há muito para conhecer antes dele. Mas se um filme como «Django Libertado» servir para estes cinéfilos irem atrás de um dos géneros históricos do cinema norte-americano, que tem centenas de obras à espera de serem (re)descobertas (este meu post de ontem, escrito um bocado a quente no final da visualização do filme de Tarantino, contém muito poucos exemplos), já é muito bom. E enquanto divertimento, mesmo partindo de um tema muito sério e pesado, «Django Libertado» também não vai nada mal.
Nota:3/5
Dial P for Popcorn conquista o torneio A Angústia do Blogger Cinéfilo
Está concluída mais uma edição do torneio A Angústia do Blogger Cinéfilo, uma iniciativa criada pelo CINEdrio onde a blogosfera cinéfila entra em campo com as suas equipas de realizadores. Nesta segunda edição, bastante mais participada do que a primeira, segundo a organização da competição, o vencedor foi conhecido agora. A equipa do Dial P for Popcorn, que já tinha eliminado o Shut up and watch the movies nas meias-finais, voltou a dominar a partida e venceu a equipa do Caminho Largo por uns expressivos 26-17. A vitória na derradeira partida faz do Dial P for Popcorn o grande vencedor da presente edição do torneio e um dos co-organizadores da próxima edição. Deste lado resta-me dar uma vez mais os parabéns a todos os participantes nesta iniciativa, com especial destaque para os vencedores. O treinador do Shut up and watch the movies, Billy Wilder, cujo lugar tem estado tremido nos últimos tempos, já estabeleceu o objectivo para o ano: chegar pelo menos às meias-finais e depois lutar pela conquista do título. Se tal não for alcançado, o seu lugar fica à disposição.
sábado, 26 de janeiro de 2013
Querem (mais) westerns?
Conquistadores, de Fritz Lang (1941)
Duelo ao Sol, de King Vidor (1946)
Vera Cruz, de Robert Aldrich (1954)
Johnny Guitar, de Nicholas Ray (1954)
Duelo de Ambições, de Raoul Walsh (1955)
O Homem Que Veio de Longe, de Anthony Mann (1955)
A Desaparecida, de John Ford (1956)
O Comboio das 3 e 10, de Delmer Daves (1957)
Quarenta Cavaleiros, de Samuel Fuller (1957)
Rio Bravo, de Howard Hawks (1959)
O Furacão, de Monte Hellman (1965)
Aconteceu no Oeste, de Sergio Leone (1968)
A Quadrilha Selvagem, de Sam Peckinpah (1969)
Imperdoável, de Clint Eastwood (1992)
A crítica a «Django Libertado» sai em breve. Se o novo filme de Quentin Tarantino servir para os cinéfilos mais novos irem à procura de mais títulos de um dos géneros de excelência do cinema norte-americano já não é mau. Para começar, ficam aqui algumas sugestões. (nota: optei por um filme por cineasta. Realizadores como John Ford ou Howard Hawks, para referir apenas dois dos mais populares, podiam e mereciam ter mais títulos nesta lista de sugestões)
terça-feira, 22 de janeiro de 2013
Parabéns senhor Jarmusch
«I know. It's all so . . . independent. I'm so sick of that word. I reach for my revolver when I hear the word 'quirky.' Or 'edgy.' Those words are now becoming labels that are slapped on products to sell them. Anyone who makes a film that is the film they want to make, and it is not defined by marketing analysis or a commercial enterprise, is independent. My movies are kind of made by hand. They're not polished -- they're sort of built in the garage. It's more like being an artisan in some way».
Uma pequena citação para celebrar os 60 anos de Jim Jarmusch.
Uma pequena citação para celebrar os 60 anos de Jim Jarmusch.
segunda-feira, 21 de janeiro de 2013
Duetos cinéfilos #2
Música: Intervention (Arcade Fire)
Filme: O Couraçado Potemkin (Sergei Eisenstein)
domingo, 20 de janeiro de 2013
E a final ali tão perto...
E depois de uma excelente prestação nos quartos de final do torneio A Angústia do Blogger Cinéfilo, a equipa do Shut up and watch the movies sucumbiu aos pés do Dial P for Popcorn. Numa meia-final equilibrada até aos últimos minutos, o cansaço tomou conta dos jogadores do Shut up and watch the movies, que deixaram escapar o lugar na final com um resultado que os deixou bastante envergonhados: 27-13. No final da partida o 'mister' Billy Wilder' congratulou os seus jogadores pela campanha realizada ao longo do torneio, mas já alertou que alguns vão sofrer as consequências deste descalabro e poderão estar a caminho da lista de dispensas do clube. Questionado sobre os rumores dos últimos dias, que apontam como certo o seu despedimento, o treinador do Shut up and watch the movies preferiu não comentar o assunto.
A outra meia-final ditou o afastamento dos anfitriões do CINEdrio, detentores do troféu, que foram também esmagados pela equipa do Caminho Largo por uns surpreendentes 18-9. A final já está a decorrer, uma vez mais no campo do CINEdrio, onde os adeptos podem votar na sua equipa favorita.
Ao Shut up and watch the movies resta congratular todos os adversários e participantes na segunda edição da prova, com especial destaque para a excelente organização do CINEdrio, que está uma vez mais de parabéns, e desejar boa sorte aos dois finalistas. Que vença o melhor!
Grande final: Dial P for Popcorn (a preto) vs. Caminho Largo (a azul)
Decida o Vencedor Aqui
sexta-feira, 18 de janeiro de 2013
00:30 A Hora Negra, de Kathryn Bigelow (2012)
A chamada Guerra ao Terror volta a estar no centro do mais recente filme de Kathryn Bigelow. Depois de ter conquistado os Óscares em 2008, com «Estado de Guerra», a realizadora norte-americana voltou ao teatro de operações, desta vez para nos mostrar por dentro os detalhes da caça a Osama Bin Laden, o líder da Al-Qaeda responsável por um dos mais terríveis ataques terroristas de sempre, que resultou na morte de cerca de 3 mil pessoas: os ataques às Torres Gémeas. E é precisamente no dia 11 de Setembro de 2001 que começa «00:30 A Hora Negra», com um fundo negro e as vozes de gravações de algumas das vítimas do que se passou naquele trágico dia em Nova Iorque, vozes essas cuja audição ainda hoje causa arrepios. As imagens dos ataques ficaram de fora, mas o impacto está lá.
Depois desta ligação à realidade, em jeito de prólogo, começa a ficção, baseada em factos relatados em primeira mão, segundo uma nota que surge no início do filme. A caça ao homem relatada em «00:30 A Hora Negra» arranca a sério num local desconhecido onde um prisioneiro é interrogado e torturado por agentes da CIA à procura de pistas que possam ajudar a identificar o paradeiro daquele que era na altura o homem mais procurado do mundo. A partir daqui o filme acompanha o trabalho da equipa de agentes que procura Bin Laden, nos vários cenários onde a investigação decorre, desde as cidades paquistanesas às bases da CIA escondidas na Europa, passando pelos corredores de Washington onde se decide o que fazer com os resultados da investigação, nem sempre baseados em factos concretos.
Como não poderia deixar de ser, um filme que abordasse este tema dificilmente iria escapar a alguma polémica, sobretudo se nos lembrarmos que ainda não passaram dois anos desde que Bin Laden foi morto durante a operação que é retratada no final do filme. Acusado de ser defensor dos métodos de tortura por uns ou simples propaganda por outros, o novo filme de Bigelow acaba por não defraudar as expectativas dos fãs da cineasta. Polémicas à parte, «00:30 A Hora Negra» é apenas um retrato de uma operação de dez anos que culminou na morte do líder da Al-Qaeda. Fiel ou não nunca saberemos, mas o filme de Bigelow consegue cativar-nos tanto nas cenas de bastidores, num registo próximo do documentário, como nas cenas de acção, como é a meia hora final do assalto ao reduto de Bin Laden, que nos faz lembrar a espaços a tensão de «Estado de Guerra» e de outros filmes da cineasta. E o que podia ser algum desequilíbrio entre os dois tipos de cenários (bastidores e operações no terreno) mal se nota, no que acaba por ser um dos melhores aspectos do filme de Bigelow, que bem poderia ter estado no lote dos cinco realizadores nomeados para a estatueta dourada.
Merecida é a nomeação de Jessica Chastain, que carrega o filme às costas e prova uma vez mais ser uma das grandes actrizes norte-americanas que surgiu nos últimos anos. Desta vez num registo diferente do que tem feito noutros filmes, a actriz mostra uma faceta mais fria em relação a esses papéis anteriores e representa na perfeição uma agente que não olha a meios e enfrenta tudo e todos para atingir o seu objectivo, apostando tudo mesmo quando as probabilidades de sucesso são uma incógnita.
Classificação: 4/5
Depois desta ligação à realidade, em jeito de prólogo, começa a ficção, baseada em factos relatados em primeira mão, segundo uma nota que surge no início do filme. A caça ao homem relatada em «00:30 A Hora Negra» arranca a sério num local desconhecido onde um prisioneiro é interrogado e torturado por agentes da CIA à procura de pistas que possam ajudar a identificar o paradeiro daquele que era na altura o homem mais procurado do mundo. A partir daqui o filme acompanha o trabalho da equipa de agentes que procura Bin Laden, nos vários cenários onde a investigação decorre, desde as cidades paquistanesas às bases da CIA escondidas na Europa, passando pelos corredores de Washington onde se decide o que fazer com os resultados da investigação, nem sempre baseados em factos concretos.
Como não poderia deixar de ser, um filme que abordasse este tema dificilmente iria escapar a alguma polémica, sobretudo se nos lembrarmos que ainda não passaram dois anos desde que Bin Laden foi morto durante a operação que é retratada no final do filme. Acusado de ser defensor dos métodos de tortura por uns ou simples propaganda por outros, o novo filme de Bigelow acaba por não defraudar as expectativas dos fãs da cineasta. Polémicas à parte, «00:30 A Hora Negra» é apenas um retrato de uma operação de dez anos que culminou na morte do líder da Al-Qaeda. Fiel ou não nunca saberemos, mas o filme de Bigelow consegue cativar-nos tanto nas cenas de bastidores, num registo próximo do documentário, como nas cenas de acção, como é a meia hora final do assalto ao reduto de Bin Laden, que nos faz lembrar a espaços a tensão de «Estado de Guerra» e de outros filmes da cineasta. E o que podia ser algum desequilíbrio entre os dois tipos de cenários (bastidores e operações no terreno) mal se nota, no que acaba por ser um dos melhores aspectos do filme de Bigelow, que bem poderia ter estado no lote dos cinco realizadores nomeados para a estatueta dourada.
Merecida é a nomeação de Jessica Chastain, que carrega o filme às costas e prova uma vez mais ser uma das grandes actrizes norte-americanas que surgiu nos últimos anos. Desta vez num registo diferente do que tem feito noutros filmes, a actriz mostra uma faceta mais fria em relação a esses papéis anteriores e representa na perfeição uma agente que não olha a meios e enfrenta tudo e todos para atingir o seu objectivo, apostando tudo mesmo quando as probabilidades de sucesso são uma incógnita.
Classificação: 4/5
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Óscares
quinta-feira, 17 de janeiro de 2013
No dia 24 de Fevereiro torço por este
Todos os outros podem levar os prémios que quiserem. Até lá podem encontrar aqui uma versão interactiva do guião de Moonrise Kingdom.
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Curiosidades,
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Roman Coppola,
Wes Anderson
terça-feira, 15 de janeiro de 2013
Oshima e Kurosawa
segunda-feira, 14 de janeiro de 2013
Duetos Cinéfilos #1
Música: The Unforgiven (Metallica)
Filme: Por Um Punhado de Dólares (Sergio Leone)
domingo, 13 de janeiro de 2013
Decisão de Risco, de Robert Zemeckis (2012)
Há cerca de dez anos atrás Robert Zemeckis resolveu começar a realizar filmes em animação digital. Desde 2000, ano de estreia de «O Náufrago» e «A Verdade Escondida», o responsável pela popular série «Regresso ao Futuro» apresentou três longas metragens animadas, terreno que não lhe era de todo desconhecido. Basta recordarmos o extraordinário «Quem Tramou Roger Rabbit?», ainda hoje um dos grandes clássicos dos anos 1980. No final do ano passado chegou às salas norte-americanas «Decisão de Risco», o seu mais recente trabalho e o regresso à imagem real. Neste filme, que seria o filme ideal para um domingo à tarde, se a maior parte dos filmes que passam num domingo à tarde na televisão fosse minimamente decente, Whip Whitaker (Denzel Washington) é um piloto de avião que se torna o herói do dia depois de conseguir salvar a vida à maior parte dos passageiros e tripulação que viajavam no voo 227, através de uma manobra bastante arrojada. O pior acontece no dia em que uma investigação ao incidente descobre que Whip tinha consumido álcool e drogas antes de entrar no avião que ia pilotar.
«Decisão de Risco» acompanha o piloto no seu dia-a-dia após o acidente que o tornou herói e a sua luta contra o alcoolismo, ao mesmo tempo que decorre a investigação no final da qual pode vir a ser condenado a uma pena de prisão, se se provar que Whip estava alcoolizado no dia em que tinha era responsável pelo voo 227. E não sendo o típico feel good movie para agradar às audiências à espera de deixarem cair uma pequena lágrima no final, e talvez por isso não tenha caído nas boas graças da Academia que apenas o nomeou em duas categorias na presente edição dos Óscares (Melhor Actor Principal e Argumento Original), este regresso de Zemeckis à live action é uma boa surpresa. Ancorado numa excelente interpretação de Denzel Washington, que merece justamente a nomeação para as estatuetas douradas, o filme aborda mais as questões com que se debate alguém viciado no álcool do que a investigação propriamente dita. Ao lado do protagonista, não há como deixar em claro a prestação de um bom conjunto de secundários, a começar por John Goodman (por onde terá andado este excelente actor nos últimos anos, perguntamos nós quando o vemos entrar em cena pela primeira vez) e Kelly Reilly (uma das actrizes de «A Residência Espanhola», que tem vindo a cimentar uma curiosa carreira desde então).
O resultado final é um filme simples, que deixa de lado questões mais complicadas relacionadas com a investigação e a audiência ao piloto, que podiam ser outro dos 'ângulos de abordagem' do filme, mas certamente mais chatos (ou difíceis de lidar, pelo menos, para tornar «Decisão de Risco» menos maçudo) para se focar no lado humano de alguém que é visto por todos como herói, mas afinal tem um lado negro escondido. E este lado é sempre mostrado, até ao final, para que nos caiba a nós decidir se Whip é o herói ou o vilão da história.
Classificação: 3/5
«Decisão de Risco» acompanha o piloto no seu dia-a-dia após o acidente que o tornou herói e a sua luta contra o alcoolismo, ao mesmo tempo que decorre a investigação no final da qual pode vir a ser condenado a uma pena de prisão, se se provar que Whip estava alcoolizado no dia em que tinha era responsável pelo voo 227. E não sendo o típico feel good movie para agradar às audiências à espera de deixarem cair uma pequena lágrima no final, e talvez por isso não tenha caído nas boas graças da Academia que apenas o nomeou em duas categorias na presente edição dos Óscares (Melhor Actor Principal e Argumento Original), este regresso de Zemeckis à live action é uma boa surpresa. Ancorado numa excelente interpretação de Denzel Washington, que merece justamente a nomeação para as estatuetas douradas, o filme aborda mais as questões com que se debate alguém viciado no álcool do que a investigação propriamente dita. Ao lado do protagonista, não há como deixar em claro a prestação de um bom conjunto de secundários, a começar por John Goodman (por onde terá andado este excelente actor nos últimos anos, perguntamos nós quando o vemos entrar em cena pela primeira vez) e Kelly Reilly (uma das actrizes de «A Residência Espanhola», que tem vindo a cimentar uma curiosa carreira desde então).
O resultado final é um filme simples, que deixa de lado questões mais complicadas relacionadas com a investigação e a audiência ao piloto, que podiam ser outro dos 'ângulos de abordagem' do filme, mas certamente mais chatos (ou difíceis de lidar, pelo menos, para tornar «Decisão de Risco» menos maçudo) para se focar no lado humano de alguém que é visto por todos como herói, mas afinal tem um lado negro escondido. E este lado é sempre mostrado, até ao final, para que nos caiba a nós decidir se Whip é o herói ou o vilão da história.
Classificação: 3/5
Bola ao centro: Shut up and watch the movies nas meias-finais do Torneio A Angústia do Blogger Cinéfilo
2.º confronto: Dial P for Popcorn (a preto) vs. Shut Up and Watch the Movies (a azul)
Depois de uns quartos de final bem disputados, onde a equipa do Shut up and watch the movies defrontou e derrotou o adversário apresentado pelo Sombra de Elefante por uns esclarecedores 13-6, é chegada a vez de disputar a meia-final do torneio A Angústia do Blogger Cinéfilo. Desta vez o opositor é a equipa do Dial P for Popcorn, que eliminou os pupilos do Keyzer Soze's Place num dos encontros mais participados de sempre da competição, naquela que foi vista pelos analistas como uma espécie de final antecipada. Em relação ao jogo das meias-finais o treinador do Shut up and watch the movies, Billy Wilder, antecipou uma partida difícil contra um dos adversários mais fortes da prova, candidato à vitória final, mas acredita que o factor surpresa pode ajudar a incentivar os seus jogadores a darem o seu melhor dentro das quatro linhas. A outra partida das meias-finais do torneio A Angústia do Blogger Cinéfilo vai pôr frente-a-frente as equipas do Caminho Largo e do CINEdrio. Tal como nos quartos de final, o resultado das meias-finais é decidido pelos adeptos, que podem votar nos seus preferidos no blogue organizador da competição até à próxima sexta-feira, aqui. Para vos ajudar a escolher, podem sempre dar uma olhada a este post e à caixa de comentários do mesmo, onde são explicadas as escolhas dos participantes. Por fim resta-me desejar boa sorte a todos os que continuam em prova e congratular os que ficaram pelo caminho pelo excelente contributo que deram ao torneio.
sexta-feira, 11 de janeiro de 2013
quinta-feira, 10 de janeiro de 2013
Leitura recomendada: um retrato da blogosfera cinéfila em Portugal
Um possível retrato da blogosfera cinéfila em Portugal. É o que podemos encontrar e ler desde esta semana no blogue Cinema's Challenge, da Andreia Mandim, num estudo feito pela própria ao longo dos últimos meses e que contou com a participação de alguns dos membros desta comunidade. As primeiras partes foram colocadas on-line esta semana e permitem ficar a conhecer um bocado melhor a história da blogosfera em Portugal e a relação/oposição entre os blogues e os Media tradicionais. Para breve estão prometidos mais capítulos deste estudo, cuja leitura é mais do que recomendada não apenas por bloggers que escrevem sobre cinema, mas também por todos os que têm este bichinho dos blogues entranhado dentro de si ou apenas quem estiver interessado em conhecer esta realidade, por vezes pouco conhecida. A primeira parte pode ser lida aqui.
Nomeados para os Óscares 2013: Lincoln lidera, Haneke surpreende e Paul Thomas Anderson desilude
Acabam de ser conhecidos os nomeados para a próxima edição dos Óscares. «Lincoln», de Steven Spielberg, e «A Vida de Pi», de Ang Lee, são os filmes que caíram nas graças da Academia, ao receberem 12 e 11 nomeações cada, respectivamente. Seguem-se «Guia Para um Final Feliz», de David O. Russell, com 8 nomeações. «Os Miseráveis», de Tom Hooper, e «Argo», a terceira longa-metragem de Ben Affleck, surgem logo atrás com 7 nomeações cada. Surpresa, ou talvez não, foram as cinco nomeações de «Amor», de Michael Haneke, que conseguiu tantas nomeações quantas as de «Django Libertado», de Quentin Tarantino, e «00:30: Hora Negra», de Kathryn Bigelow, dois filmes tidos como grandes favoritos para amealhar grande parte das nomeações. Outra surpresa (ou mais uma vez, talvez nem por isso) é a presença de «Beasts of the Southern Wild», o filme independente sensação do ano, que está nomeado para quatro categorias, incluindo melhor filme. Por fim, uma pequena desilusão: «O Mestre», o filme que marcou o regresso de Paul Thomas Anderson, apenas conseguiu três nomeações, todas nas categorias de interpretação. Para finalizar, há que destacar a presença na lista dos nomeados de um dos favoritos cá da casa: Wes Anderson, que recebeu a segunda nomeação da carreira para a categoria de melhor argumento original, pelo argumento de «Moonrise Kingdom», escrito a meias com Roman Coppola. Agora é esperar pelo dia 24 de Fevereiro para conhecer os vencedores. Para já, fica a lista completa dos nomeados:
Melhor Filme
Amor, de Michael Haneke
Argo, de Ben Affleck
Beasts of the Southern Wild, de Benh Zeitlin
Django Libertado, de Quentin Tarantino
Os Miseráveis, de Tom Hooper
A Vida de Pi, de Ang Lee
Lincoln, de Steven Spielberg
Guia Para um Final Feliz, de David O. Russell
00:30: Hora Negra, de Kathryn Bigelow
Melhor Actor Principal
Bradley Cooper, em Guia Para um Final Feliz
Daniel Day-Lewis, em Lincoln
Hugh Jackman, em Os Miseráveis
Joaquin Phoenix, em O Mestre
Denzel Washington, em Decisão de Risco
Melhor Actor Secundário
Alan Arkin, em Argo
Robert de Niro, em Guia Para um Final Feliz
Philip Seymour Hoffman, em O Mestre
Tommy Lee Jones, em Lincoln
Christoph Waltz, em Django Libertado
Melhor Actriz Principal
Jessica Chastain, em 00:30: Hora Negra
Jennifer Lawrence, em Guia Para um Final Feliz
Emmanuelle Riva, em Amor
Quvenzhané Wallis, em Beasts of the Southern Wild
Naomi Watts, em O Impossível
Melhor Actriz Secundária
Amy Adams, em O Mestre
Sally Field, em Lincoln
Anne Hathaway, em Os Miseráveis
Helen Hunt, em Seis Sessões
Jacki Weaver, em Guia Para um Final Feliz
Melhor Animação
Brave, de Mark Andrews e Brenda Chapman
Frankenweenie, de Tim Burton
ParaNorman, de Sam Fell e Chris Butler
Os Piratas!, de Peter Lord
Força Ralph, de Rich Moore
Melhor Fotografia
Seamus McGarvey, por Anna Karenina
Robert Richardson, por Django Libertado
Claudio Miranda, por A Vida de Pi
Janusz Kaminski, por Lincoln
Roger Deakins, por Skyfall
Melhor Guarda-Roupa
Jacqueline Durran, por Anna Karenina
Paco Delgado, por Os Miseráveis
Joanna Johnston, por Lincoln
Eiko Ishioka, por Espelho Meu, Espelho Meu! Há Alguém Mais Gira do Que Eu?
Colleen Atwood, por Branca de Neve e o Caçador
Melhor Realizador
Michael Haneke, por Amor
Benh Zeitlin, por Beasts of the Southern Wild
Ang Lee, por A vida de Pi
Steven Spielberg, por Lincoln
David O. Russell, por Guia Para um Final Feliz
Melhor Documentário
5 Broken Cameras, de Emad Burnat e Guy Davidi
The Gatekeepers, de Dror Moreh
How to Survive a Plague, de David France
The Invisible War, de Kirby Dick
Searching for Sugar Man, de Malik Bendjelloul
Melhor Documentário (curta-metragem)
Inocente, de Sean Fine e Andrea Nix Fine
Kings Point, de Sari Gilman e Jedd Wider
Mondays at Racine, de Cynthia Wade e Robin Honan
Open Heart, de Kief Davidson e Cori Shepherd Stern
Redemption, de Jon Alpert e Matthew O'Neill
Melhor Edição
William Goldenberg, por Argo
Tim Squyres, por A Vida de Pi
Michael Kahn, por Lincoln
Jay Cassidy e Crispin Struthers, por Guia Para um Final Feliz
Dylan Tichenor e William Goldenberg, por 00:30: Hora Negra
Melhor Filme Estrangeiro
Amor (Áustria), de Michael Haneke
Kon-Tiki (Noruega), de Joachim Rønning e Espen Sandberg
No (Chile), de Pablo Larraín
A Royal Affair (Dinamarca), de Nikolaj Arcel
War Witch (Canadá), de Kim Nguyen
Melhor Maquilhagem e Cabelo
Howard Berger, Peter Montagna e Martin Samuel, por Hitchcock
Peter Swords King, Rick Findlater e Tami Lane, por O Hobbit: Uma Viagem Inesperada
Lisa Westcott e Julie Dartnell, por Os Miseráveis
Melhor Banda Sonora Original
Dario Marianelli, por Anna Karenina
Alexandre Desplat, por Argo
Mychael Danna, por A Vida de Pi
John Williams, por Lincoln
Thomas Newman, por Skyfall
Melhor Canção Original
Before My Time, de Chasing Ice
Everybody Needs A Best Friend, de Ted
Pi's Lullaby, de A Vida de Pi
Skyfall, de Skyfall
Suddenly, de Os Miseráveis
Melhor Produção Artística
Sarah Greenwood (Production Design) e Katie Spencer (Set Decoration), por Anna Karenina
Dan Hennah (Production Design), Ra Vincent e Simon Bright (Set Decoration), por O Hobbit: Uma Viagem Inesperada
Eve Stewart (Production Design) e Anna Lynch-Robinson (Set Decoration), por Os Miseráveis
David Gropman (Production Design) e Anna Pinnock (Set Decoration), por A Vida de Pi
Rick Carter (Production Design) e Jim Erickson (Set Decoration), por Lincoln
Melhor Curta Metragem Animação
Adam and Dog, de Minkyu Lee
Fresh Guacamole, de PES
Head over Heels, de Timothy Reckart e Fodhla Cronin O'Reilly
Maggie Simpson in "The Longest Daycare", de David Silverman
Paperman, de John Kahrs
Melhor Curta Metragem Imagem Real
Asad, de Bryan Buckley e Mino Jarjoura
Buzkashi Boys, de Sam French e Ariel Nasr
Curfew, de Shawn Christensen
Death of a Shadow (Dood van een Schaduw), de Tom Van Avermaet e Ellen De Waele
Henry, de Yan England
Melhor Edição de Som
Erik Aadahl e Ethan Van der Ryn, por Argo
Wylie Stateman, por Django Libertado
Eugene Gearty e Philip Stockton, por A Vida de Pi
Per Hallberg e Karen Baker Landers, por Skyfall
Paul N.J. Ottosson, por 00:30: Hora Negra
Melhor Mistura de Som
John Reitz, Gregg Rudloff e Jose Antonio Garcia, por Argo
Andy Nelson, Mark Paterson e Simon Hayes, por Os Miseráveis
Ron Bartlett, D.M. Hemphill e Drew Kunin, por A Vida de Pi
Andy Nelson, Gary Rydstrom e Ronald Judkins, por Lincoln
Scott Millan, Greg P. Russell e Stuart Wilson, por Skyfall
Melhores Efeitos Visuais
Joe Letteri, Eric Saindon, David Clayton e R. Christopher White, por O Hobbit: Uma Viagem Inesperada
Bill Westenhofer, Guillaume Rocheron, Erik-Jan De Boer e Donald R. Elliott, por A Vida de Pi
Janek Sirrs, Jeff White, Guy Williams e Dan Sudick, por Os Vingadores
Richard Stammers, Trevor Wood, Charley Henley e Martin Hill, por Prometheus
Cedric Nicolas-Troyan, Philip Brennan, Neil Corbould e Michael Dawson, por Branca de Neve e o Caçador
Melhor Argumento Adaptado
Argo, de Chris Terrio
Beasts of the Southern Wild, de Lucy Alibar e Benh Zeitlin
A Vida de Pi, de David Magee
Lincoln, de Tony Kushner
Guia Para um Final Feliz, de David O. Russell
Melhor Argumento Original
Amor, de Michael Haneke
Django Libertado, de Quentin Tarantino
Decisão de Risco, de John Gatins
Moonrise Kingdom, de Wes Anderson e Roman Coppola
00:30: Hora Negra, de Mark Boal
domingo, 6 de janeiro de 2013
Pela Estrada Fora, de Walter Salles (2012)
«Pela Estrada Fora» é um daqueles clássicos literários cuja adaptação ao Cinema foi falada durante anos mas adiada sucessivamente. Foi preciso chegarmos a 2012 para o brasileiro Walter Salles levar ao grande ecrã o relato da vida de Sal Paradise (Sam Riley) e Dean Moriarty (Garrett Hedlund) pelas estradas dos EUA, aventuras essas de cariz autobiográfico e que tornaram «Pela Estrada Fora» um dos mais bem conseguidos retratos da chamada Beat Generation, da qual o escritor de origem canadiana foi um dos mais conhecidos representantes. O filme de Walter Salles tem alguns aspectos interessantes, mas acaba por ficar um pouco aquém da obra literária em que se baseia, em parte porque a adaptação foge demasiado ao original. E estamos perante mais um daqueles exemplos em que dizer que o livro é bem melhor do que o filme não é nenhum exagero.
Uma das principais falhas da adaptação cinematográfica do livro de Kerouac é precisamente o afastamento do original. Se no livro o centro é a personagem de Sal Paradise, o alter-ego do escritor que acompanhamos nas suas várias viagens pelos EUA, o filme opta por se focar mais na relação entre Sal e Dean. Apesar de esta relação ter um certo peso no livro, o filme acaba por deixar cair grande parte dos episódios protagonizados por Sal quando este se faz à estrada. A relação de Sal com Terry (Alice Braga) é um dos exemplos, pois no filme foi praticamente apagada e pouco tem a ver com a narração original. O que é pena, pois a forma como as duas personagens se conhecem na obra de Kerouac é uma das mais belas passagens de «Pela Estrada Fora». O mesmo sucede nos vários devaneios de Sal antes de se encontrar com os seus companheiros de estrada, que foram omitidos do filme de Salles. Compreende-se que seja difícil levar ao cinema um livro como este, onde as descrições dos lugares são bastante fortes e nos conseguem literalmente levar para os cenários por onde vagueou Sal Paradise, mas não deixa de ser uma grande perda para o resultado final. A própria forma como o filme conta a história é confusa e os episódios não seguem os eventos do livro, o que acaba por também jogar contra a coerência do argumento.
Contudo, o espírito de partir à aventura pelos EUA está bem captado graças a uma excelente fotografia, que se nota principalmente nas sequências passadas na estrada, seja em cenários onde o calor se nota e quase que podemos sentir o cheiro do suor das personagens, seja nas paisagens geladas que também aparecem em certas sequências. Mas não é suficiente para sairmos do filme com a sensação de que soube a pouco, tendo em conta o excelente livro que está na sua origem.
Classificação: 3/5
Uma das principais falhas da adaptação cinematográfica do livro de Kerouac é precisamente o afastamento do original. Se no livro o centro é a personagem de Sal Paradise, o alter-ego do escritor que acompanhamos nas suas várias viagens pelos EUA, o filme opta por se focar mais na relação entre Sal e Dean. Apesar de esta relação ter um certo peso no livro, o filme acaba por deixar cair grande parte dos episódios protagonizados por Sal quando este se faz à estrada. A relação de Sal com Terry (Alice Braga) é um dos exemplos, pois no filme foi praticamente apagada e pouco tem a ver com a narração original. O que é pena, pois a forma como as duas personagens se conhecem na obra de Kerouac é uma das mais belas passagens de «Pela Estrada Fora». O mesmo sucede nos vários devaneios de Sal antes de se encontrar com os seus companheiros de estrada, que foram omitidos do filme de Salles. Compreende-se que seja difícil levar ao cinema um livro como este, onde as descrições dos lugares são bastante fortes e nos conseguem literalmente levar para os cenários por onde vagueou Sal Paradise, mas não deixa de ser uma grande perda para o resultado final. A própria forma como o filme conta a história é confusa e os episódios não seguem os eventos do livro, o que acaba por também jogar contra a coerência do argumento.
Contudo, o espírito de partir à aventura pelos EUA está bem captado graças a uma excelente fotografia, que se nota principalmente nas sequências passadas na estrada, seja em cenários onde o calor se nota e quase que podemos sentir o cheiro do suor das personagens, seja nas paisagens geladas que também aparecem em certas sequências. Mas não é suficiente para sairmos do filme com a sensação de que soube a pouco, tendo em conta o excelente livro que está na sua origem.
Classificação: 3/5
sexta-feira, 4 de janeiro de 2013
Quartos-de-Final do Torneio A Angústia do Blogger Cinéfilo:
O sorteio dos quartos-de-final da segunda edição do Torneio A Angústia do Blogger Cinéfilo teve lugar hoje e já são conhecidas as primeiras partidas. Ao Shut up and watch the movies FC calhou como adversário o colectivo apresentado pelo blogue A Sombra do Elefante. Agora é tempo de ambas as equipas entrarem em campo e cabe aos adeptos votarem nos seus preferidos. A votação para decidir os vencedores dos quartos-de-final decorre até ao próximo dia 11 de Janeiro, dentro de uma semana, na barra lateral do CINEdrio, que acolhe a presente edição deste torneio. Para vos ajudar a escolher os justos vencedores, nada como dar uma espreitadela aos argumentos dos treinadores da blogosfera, neste link. Que os jogos comecem e boa sorte a todos os participantes.
quarta-feira, 2 de janeiro de 2013
Shup up and watch the movies entra em campo
Pelo segundo ano consecutivo a blogosfera cinéfila portuguesa entra em campo para participar no torneio «A Angústia do Blogger Cinéfilo no Momento do Penalty». O Shut up and watch the movies resolveu substituir a antiga formação do «A Última Sessão» e já está em estágio, depois de um merecido descanso durante o período das Festas. Alguns nomes são os mesmos da equipa que participou na primeira edição do torneio, mas também há novos talentos, descobertos depois de uma exaustiva viagem por parte dos nossos olheiros. Agora é esperar pelos resultados do sorteio e aguardar o início dos jogos, desejando desde já sorte aos possíveis adversários. As nossas vedetas, com a respectiva justificação para as escolhas no final do post, são as seguintes:
Aki Kaurismaki, o guarda-redes vindo do frio, com nervos de aço. Depois de uma temporada em Le Havre, o finlandês volta com as suas mãos de ferro recuperado para defender as redes da equipa.
Os irmãos Coen voltam a estar no centro da defesa, pois continuam a ser uma dupla de confiança e que se entende como ninguém.
Nas laterais duas estrelas asiáticas: Chan-wook Park e Johnie To. Dois valores com provas dadas, que tanto conseguem jogar à defesa como subir pelas alas no apoio ao ataque.
Wes Anderson é outro dos regressos. A jovem estrela continua a brilhar no corredor esquerdo com os seus cruzamentos certeiros para a área.
No corredor direito Francis Ford Coppola, um jogador que já teve melhores dias mas merece a confiança do treinador, pois quando os cruzamentos correm bem o resultado é meio golo.
No centro do meio campo Brian de Palma e Martin Scorsese, dois veteranos da mesma geração, cada um com o seu estilo, ambos conseguem segurar e distribuir jogo como poucos. As falhas recentes de de Palma, por vezes são colmatadas por um seguríssimo Scorsese.
No apoio ao ponta de lança, encontramos Michel Gondry, com um estilo de jogo fantasioso capaz de confundir o adversário e servir o seu companheiro na grande área.
O ponta de lança é Woody Allen. Mesmo em baixo de forma e vagueando pelas capitais europeias, qual playboy de terceira idade a gozar a idade da reforma, o nova-iorquino ainda vai dando um ar de sua graça e quando acerta, os seus golos continuam a maravilhar as bancadas.
Aki Kaurismaki, o guarda-redes vindo do frio, com nervos de aço. Depois de uma temporada em Le Havre, o finlandês volta com as suas mãos de ferro recuperado para defender as redes da equipa.
Os irmãos Coen voltam a estar no centro da defesa, pois continuam a ser uma dupla de confiança e que se entende como ninguém.
Nas laterais duas estrelas asiáticas: Chan-wook Park e Johnie To. Dois valores com provas dadas, que tanto conseguem jogar à defesa como subir pelas alas no apoio ao ataque.
Wes Anderson é outro dos regressos. A jovem estrela continua a brilhar no corredor esquerdo com os seus cruzamentos certeiros para a área.
No corredor direito Francis Ford Coppola, um jogador que já teve melhores dias mas merece a confiança do treinador, pois quando os cruzamentos correm bem o resultado é meio golo.
No centro do meio campo Brian de Palma e Martin Scorsese, dois veteranos da mesma geração, cada um com o seu estilo, ambos conseguem segurar e distribuir jogo como poucos. As falhas recentes de de Palma, por vezes são colmatadas por um seguríssimo Scorsese.
No apoio ao ponta de lança, encontramos Michel Gondry, com um estilo de jogo fantasioso capaz de confundir o adversário e servir o seu companheiro na grande área.
O ponta de lança é Woody Allen. Mesmo em baixo de forma e vagueando pelas capitais europeias, qual playboy de terceira idade a gozar a idade da reforma, o nova-iorquino ainda vai dando um ar de sua graça e quando acerta, os seus golos continuam a maravilhar as bancadas.
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