A chamada Guerra ao Terror volta a estar no centro do mais recente filme de Kathryn Bigelow. Depois de ter conquistado os Óscares em 2008, com «Estado de Guerra», a realizadora norte-americana voltou ao teatro de operações, desta vez para nos mostrar por dentro os detalhes da caça a Osama Bin Laden, o líder da Al-Qaeda responsável por um dos mais terríveis ataques terroristas de sempre, que resultou na morte de cerca de 3 mil pessoas: os ataques às Torres Gémeas. E é precisamente no dia 11 de Setembro de 2001 que começa «00:30 A Hora Negra», com um fundo negro e as vozes de gravações de algumas das vítimas do que se passou naquele trágico dia em Nova Iorque, vozes essas cuja audição ainda hoje causa arrepios. As imagens dos ataques ficaram de fora, mas o impacto está lá.
Depois desta ligação à realidade, em jeito de prólogo, começa a ficção, baseada em factos relatados em primeira mão, segundo uma nota que surge no início do filme. A caça ao homem relatada em «00:30 A Hora Negra» arranca a sério num local desconhecido onde um prisioneiro é interrogado e torturado por agentes da CIA à procura de pistas que possam ajudar a identificar o paradeiro daquele que era na altura o homem mais procurado do mundo. A partir daqui o filme acompanha o trabalho da equipa de agentes que procura Bin Laden, nos vários cenários onde a investigação decorre, desde as cidades paquistanesas às bases da CIA escondidas na Europa, passando pelos corredores de Washington onde se decide o que fazer com os resultados da investigação, nem sempre baseados em factos concretos.
Como não poderia deixar de ser, um filme que abordasse este tema dificilmente iria escapar a alguma polémica, sobretudo se nos lembrarmos que ainda não passaram dois anos desde que Bin Laden foi morto durante a operação que é retratada no final do filme. Acusado de ser defensor dos métodos de tortura por uns ou simples propaganda por outros, o novo filme de Bigelow acaba por não defraudar as expectativas dos fãs da cineasta. Polémicas à parte, «00:30 A Hora Negra» é apenas um retrato de uma operação de dez anos que culminou na morte do líder da Al-Qaeda. Fiel ou não nunca saberemos, mas o filme de Bigelow consegue cativar-nos tanto nas cenas de bastidores, num registo próximo do documentário, como nas cenas de acção, como é a meia hora final do assalto ao reduto de Bin Laden, que nos faz lembrar a espaços a tensão de «Estado de Guerra» e de outros filmes da cineasta. E o que podia ser algum desequilíbrio entre os dois tipos de cenários (bastidores e operações no terreno) mal se nota, no que acaba por ser um dos melhores aspectos do filme de Bigelow, que bem poderia ter estado no lote dos cinco realizadores nomeados para a estatueta dourada.
Merecida é a nomeação de Jessica Chastain, que carrega o filme às costas e prova uma vez mais ser uma das grandes actrizes norte-americanas que surgiu nos últimos anos. Desta vez num registo diferente do que tem feito noutros filmes, a actriz mostra uma faceta mais fria em relação a esses papéis anteriores e representa na perfeição uma agente que não olha a meios e enfrenta tudo e todos para atingir o seu objectivo, apostando tudo mesmo quando as probabilidades de sucesso são uma incógnita.
Classificação: 4/5
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