quarta-feira, 15 de maio de 2013

Só Precisamos de Amor, de Susanne Bier (2012)

É difícil encontrar nos dias de hoje um filme romântico que não caia nos clichés da lamechice. E «Só Precisamos de Amor» tinha tudo para cair nessa armadilha do género, a começar pelo título. Mas o que nos dá a dinamarquesa Susanne Bier, no filme realizado após «Num Mundo Melhor», o vencedor do Óscar para Melhor Filme Estrangeiro em 2010, é uma comédia romântica bastante sincera sobre uma cabeleireira que sofre de cancro e descobre, na véspera do casamento da filha em Itália, que o marido a trai com uma mulher bastante mais nova. A caminho do aeroporto tem um acidente que envolve o pai do futuro genro e a partir daqui nasce uma relação de amizade entre duas pessoas descontentes com o mundo à sua volta, mas com diferentes perspectivas sobre a vida.

«Só Precisamos de Amor» está a milhas de distância de outros filmes do género estreados recentemente em sala e que mais não fazem do que repetir, até à náusea, clichés e modelos que cansam. E assim de repente lembramo-nos de dois filmes visionados há poucas semanas: «O Grande Dia», de Justin Zackham, cujo elenco recheado de estrelas veteranas acaba por salvá-lo do descalabro, e «Fintar o Amor», de Gabriele Muccino, protagonizado por um Gerald Butler claramente em formato peixe fora de água (o actor está muito melhor em «Assalto à Casa Branca», um filme de acção estreado na semana passada onde um grupo de terroristas toma de assalto a residência oficial do presidente dos EUA). 

Susanne Bier podia optar por contar a história da coitadinha, que sofre de uma doença complicada e ainda tem de aguentar com a traição do marido numa altura em que devia estar mais concentrada em travar a luta contra o cancro e apoiar a filha no momento mais feliz da sua vida. Mas não o faz, preferindo contar a história de uma forma em que nada parece forçado, apesar de o primeiro encontro entre o par protagonista (composto por dois actores que se complementam na perfeição: Trine Dyrholm e Pierce Brosnan) poder indicar que estamos prestes a entrar no perigoso mundo das comédias românticas cheias de lugares comuns. É esta a única vez em que tememos pelo regresso de Bier após o sucesso alcançado com o seu filme anterior, pois tudo o resto acaba por ser uma agradável surpresa, mesmo que este não seja o género favorito por estes lados. Mas quando nos surpreendem, como aconteceu com «Só Precisamos de Amor», acabamos por gostar.

Classificação: 3/5

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