Com dois anos de atraso, depois de uma passagem pela edição de 2012 do IndieLisboa, chega às salas de cinema portuguesas «Um Planeta Solitário». Nesta segunda obra de Julia Loktev a relação de um jovem casal em viagem pela Geórgia, protagonizado por Hani Furstenberg e Gael García Bernal, é posta em causa depois de um encontro acidental com membros de uma comunidade local. A partir desse estranho incidente, que coloca em risco a vida dos dois sem que o guia que os acompanha possa fazer algo (e também nunca chegamos a saber bem o que se passa, pois a única personagem capaz de entender as intenções do grupo, o próprio guia, não revela o que eles disseram), o comportamento dos dois muda e a cumplicidade da relação deixa de estar presente, como se o par tivesse passado um ponto de não retorno.
«Um Planeta Solitário» parte de uma boa premissa e conta com uma realização competente de uma cineasta praticamente desconhecida, com apenas duas outras obras no currículo, uma das quais também chegou a passar pelo IndieLisboa há uns anos. Mas acaba por falhar quando podia dar um resultado melhor. Apesar da excelente química entre o par protagonista, a que se junta uma outra boa prestação de Bidzina Gujabidze, que interpreta o guia, o filme pouco mais é do que o vaguear das três personagens pelas montanhas georgianas, que custa a arrancar (apesar de muito andarem as personagens do filme), como se Julia Loktev quisesse enfatizar a força da paisagem perante a pequenez daqueles três viajantes. E os próprios dilemas que assolam as personagens, sobretudo a partir do momento em que se dá o tal encontro com os habitantes das montanhas, são pouco explorados quando havia uma enorme margem de manobra para nos mostrarem um pouco mais das personagens.
Por muito que nos fascinem as belas paisagens do Cáucaso filmadas por Julia Loktev, o resultado final acaba por se tornar de certa forma um objecto enfadonho e «Um Planeta Solitário» mais um daqueles filmes que bem podia ter perdido alguns minutos na sala de montagem.
Classificação: 2/5
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