domingo, 2 de setembro de 2012

A Grande Parada, de King Vidor (1925)

(texto com spoilers)
Considerado como um dos grandes sucessos de público no período mudo, «A Grande Parada» é também um dos pontos altos da obra de King Vidor, realizador que quis fazer com este filme algo que ficasse na memória, tal como acontecera anteriormente com «O Nascimento de uma Nação», de Griffith. O filme é baseado numa história de Laurence Stallings, sobre a sua experiência durante a I Grande Guerra, e é precisamente este conflito (a grande parada do título) que serve de pano de fundo a esta bela história de amor e amizade em tempos de guerra, centrada na personagem de James Apperson (John Gilbert), um jovem oriundo de uma família rica que se alista no exército quando os EUA entram no conflito e vai parar a uma pequena localidade francesa, onde trava conhecimento com Melisande (Renée Adorée), por quem acaba por se apaixonar, apesar de ter uma noiva à espera. A acompanhá-lo está a dupla Bull (Tom O'Brien) e Slim (Karl Dane), que serão os dois camaradas de armas de James e o par que protagoniza as cenas mais cómicas de «A Grande Parada».

Mas se o conflito que marcou o início do século passado é a base para o filme, sobretudo na segunda metade, quando os três soldados partem para o campo de batalha (e as sequências de batalha estão muito bem conseguidas), são as relações entre as quatro personagens, seja a relação de James com Melisande ou a amizade dos três camaradas de armas, que fazem de «A Grande Parada» um belo filme, daqueles que dá vontade de ver e rever mais tarde. Cenas como a despedida do casal ou a forma como é filmada a morte no campo de batalha são belíssimas. As sequências finais, em plena guerra de trincheiras e quando James se questiona do que estão tantos jovens a fazer ali, a lutar porquê, terão levado muitos a a considerar este filme como um dos primeiros filmes anti-guerra da História do Cinema, mas é na relação entre James e Melisande que está toda a força de «A Grande Parada».

O filme foi a escolha da Cinemateca Portuguesa para o regresso às actividades em Setembro e contou com a presença do pianista canadiano Gabriel Thibaudeau, considerado um dos maiores especialistas em composições para Cinema Mudo, que acompanhou com piano ao vivo a projecção. O resultado tornou este regresso aos serões da Barata Salgueiro ainda mais especial.

King Vidor vai voltar a estar presente na Cinemateca Portuguesa no próximo dia 29 de Setembro, às 19h30, com outro filme bastante recomendável: «A Multidão».

Classificação: 5/5

2 comentários:

  1. Muito bem dito: foi um momento muito especial!

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  2. Fazem falta mais sessões destas, quanto mais não seja para trazer mais algum público para a Cinemateca. E sempre se dão a descobrir obras sob uma nova perspectiva.

    Cumprimentos

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