A loucura da guerra ou a loucura do Homem. É difícil identificar o tema principal de «Apocalypse Now», um dos filmes com a rodagem mais atribulada na carreira de Francis Ford Coppola. Levemente inspirado no livro «Corações das Trevas», de Joseph Conrad, o filme leva-nos aos confins da Guerra do Vietname onde o Capitão Willard (Martin Sheen), farto de estar fechado num quarto de hotel em Saigão, recebe a missão de encontrar e assassinar o Coronel Kurtz (Marlon Brando), um militar norte-americano que desertou do Exército.
Tal como referi no início do texto, não é fácil identificar um único tema nesta obra-prima do realizador da saga «O Padrinho», tal é a variedade de questões que nos são colocadas. Podíamos pegar na personagem de Willard, que quis voltar à guerra porque já não conseguia estar nos EUA depois de ter passado por uma primeira experiência no Vietname, ou na complexidade de Kurtz e o seu assombroso discurso final, passando pela própria guerra que se encontra em pano de fundo com as inúmeras personagens secundárias, quase todas memoráveis. E sim, tenente Kilgore (Robert Duvall), estou a lembrar-me de ti e de como gostas de sentir o cheiro do napalm pela manhã.
Apesar de todas as contrariedades que envolveram a produção de «Apocalypse Now», com problemas atrás de problemas a porem em risco aquele que será um dos melhores e mais ousados filmes que retrataram a Guerra do Vietname, e exemplos de filmes que lidaram com este conflito não faltam, aquilo que vemos neste brilhante filme de Coppola é ao mesmo tempo um excelente retrato daquela época, sem nunca criticar ou vangloriar um determinado ponto de vista, seja favorável ou contrário à violência. Aguentar as mais de 3 horas de «Apocalypse Now», na sua versão redux, editada e lançada posteriormente por Coppola, é quase como ir ao Inferno e voltar para contar. Mas é uma daquelas viagens que vale bem a pena fazer.
Classificação: 5/5
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