Stanley Kubrick é um daqueles cineastas que se gosta ou odeia. Por isso, se estão no segundo campo, este post não vos diz respeito. Pelo contrário, se são fãs do autor de «Laranja Mecânica», estão no sítio certo, pois este serve para vos apresentar um livro onde a obra de Kubrick é analisada por Enrico Ghezzi, programador, cineasta e escritor italiano. Ou seja, leitura mais do que recomendada para quem quiser aprofundar conhecimentos na obra do cineasta que afirmou um dia odiar «que me peçam para explicar como 'funciona' o filme, qual era a minha intenção, etc.», uma das várias citações que servem de apresentação ao ensaio de Ghezzi propriamente dito.
Publicado originalmente em 1977, «Stanley Kubrick» apresenta um enorme ensaio sobre a obra do cineasta desde as curtas «Flying Padre» e «Day of the Fight» e da estreia «Fear and Desire», a primeira longa-metragem de Kubrick que sempre foi rejeitada pelo próprio, até «Barry Lyndon». Mais tarde, foi incluído um novo texto dedicado a «Shining», realizado já em 1980. A edição portuguesa, lançada pela Cinemateca Portuguesa em 2002 aquando a realização de uma retrospectiva quase integral do realizador (de fora ficou apenas «Fear and Desire». Diz quem teve a oportunidade assistir ao ciclo que este foi um dos mais concorridos na Barata Salgueiro. O autor deste blogue teve a sorte de se estrear nas lides da Cinemateca precisamente durante esse ciclo, numa das sessões de «Shining»), inclui o ensaio original, o texto sobre «Shining» e um apêndice com referências às duas obras de Kubrick realizadas posteriormente: «Nascido Para Matar» e «De Olhos Bem Fechados».
A primeira parte, o ensaio propriamente dito, é o melhor do livro. Com quase 150 páginas, escrutina todos os pormenores dos filmes realizados por Kubrick entre 1951 e 1980. Obviamente que é só uma análise de alguém que conhece muito bem a obra do cineasta, mas em simultâneo consegue admitir que aquela é só a sua visão sobre uma obra tão complexa como a que nos deixou o realizador de «2001: Odisseia no Espaço», que nunca se abriu demasiado para explicar os seus filmes. O apêndice, dedicado aos dois últimos filmes de Kubrick, é mais pobre. A ideia original era ter um novo texto de Enrico Ghezzi a tempo do ciclo, mas tal não foi possível.
No final temos ainda umas boas dezenas de páginas com informação bibliográfica, a ficha técnica completa de todos os filmes de Stanley Kubrick e uma secção dedicada à discografia que saiu dos filmes do cineasta. Em suma, este é um daqueles livros obrigatórios para quem venera o realizador e quer tentar perceber um bocadinho melhor o cineasta. E tem a vantagem de se ler num ápice.
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