Oliver Stone sempre gostou de colocar o dedo na ferida quando é preciso falar de temas mais controversos. No seu mais recente filme a chegar às salas, «Selvagens», o realizador norte-americano resolveu centrar-se no tráfico de droga, contando a história de uma guerra entre um cartel mexicano e dois jovens californianos que têm a seu cargo a produção e distribuição daquela que é considerada a melhor cannabis dos EUA. Os elevados lucros da dupla, composta por dois amigos de juventude que não podiam ser mais opostos (o pacifista Ben - Aaron Johnson -, o cérebro do negócio, e o aguerrido Chon - Taylor Kitsch -, um ex-soldado com missões no Iraque e Afeganistão, onde fez fortuna, que funciona como a força para defender os interesses da parceria quando é preciso), atraem o cartel liderado por Elena (Salma Hayek), a responsável por um dos maiores cartéis mexicanos, que lhes propõe uma parceria. A proposta é rejeitada e a amante dos dois jovens, Ophelia (Blake Lively), é raptada pelo cartel mexicano. Este rapto desencadeia uma acção de salvamento organizada pelos jovens 'empreendedores' e serve de pretexto para Oliver Stone explorar este tema.
Uma das principais falhas de «Selvagens» é a dispersão por vários temas, sem se focar num só aspecto: tão depressa estamos perante um filme romântico como a seguir já estamos num filme de acção. Nota-se que Oliver Stone quis abordar vários assuntos ao mesmo tempo, desde a violência do tráfico de droga à corrupção, passando até ao de leve por uma pequena crítica ao espírito empreendedor de quem quer lucros a tudo o custo, mas o resultado fica um bocado perdido. Nesse sentido fica a anos luz de «Traffic», o filme de Steven Soderbergh que tão bem conseguiu retratar os problemas da droga nos EUA e México, sem recorrer a uma história que quase poderíamos dizer que parece um pouco forçada, como é a de «Selvagens».
Não poderia contudo deixar de destacar alguns pormenores que valem a pena neste filme. Para os fãs de filmes de acção, estas sequências estão bastante bem conseguidas e realistas, e de certo irão agradar a quem gosta deste género. E depois temos um Benicio del Toro num papel de vilão, curiosamente o completo oposto do que teve em «Traffic», que sobressai do restante elenco, mesmo quando se nota que o actor está em modo piloto automático. E não deixa de ser um filme de Oliver Stone, um realizador que apesar de já ter tido melhores dias, continua a ser um nome que vale a pena acompanhar.
Classificação: 3/5
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