sábado, 1 de setembro de 2012

Oslo, 31 de Agosto, de Joachim Trier (2011)


«Oslo, 31 de Agosto» é uma das estreias desta semana e uma excelente proposta vinda da Noruega. Realizado por Joachim Trier e baseado num conto de Pierre Drieu La Rochelle (conto esse que já dera origem ao fabuloso «Fogo Fátuo», de Louis Malle), o filme acompanha 24 horas na vida de Anders (Anders Danielsen Lie), um toxicodependente de 34 anos que aproveita uma saída da clínica de desintoxicação onde está internado para reencontrar alguns dos seus amigos e familiares. Durante as suas divagações pelas ruas de Oslo, antes e depois de uma entrevista de emprego que poderá determinar um novo futuro, Anders vai reflectindo sobre o ponto em que está a sua vida e dos que estão (ou estiveram à sua volta) e como há-de recomeçar depois de vários anos em que esteve literalmente afastado do mundo, devido à sua dependência das drogas.

Durante a cerca de hora e meia em que acompanhamos esta viagem de Anders, Joachim Trier mostra-nos os vários sentimentos que passam pela cabeça do jovem, desde a tentativa de dar a volta às contrariedades passando pela raiva de ter de lidar com a forma como a sociedade à sua volta reage à sua existência, seja pena ou incompreensão (genial a cena da entrevista, quando o empregador não sabe o que responder quando Anders lhe explica porque razão o seu currículo tem um buraco de vários anos), até um certo conformismo quando se convence que chegou a um ponto em que não conseguirá ultrapassar os obstáculos que lhe aparecem à frente por ser um inadaptado.

Anders Danielsen Lie tem uma excelente interpretação (este é claramente um daqueles filmes onde a personagem principal leva o filme às costas) e nunca vacila em mostrar as emoções e os sentimentos de Anders. Assim como Trier nunca nos leva a ter pena do jovem, antes nos mostra de forma seca, tão ao estilo nórdico, como é que ele chegou ao ponto a que chegou. «Oslo, 31 de Agosto» não é um daqueles filmes de onde se sai muito bem disposto (depende um pouco dos gostos de cada um, para quem gostar de filmes mais depressivos, este é o filme indicado), apesar das belas imagens que são captadas pela câmara em algumas das sequências, e pouco recomendável para estados depressivos. Mas não deixa de ser um filme bastante interessante que conseguiu adaptar aos dias de hoje, muito bem, uma obra (o conto de que Pierre Drieu La Rochelle data da década de 1930) escrita numa época e realidade bastante distante.

Classificação: 4/5

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